sexta-feira, 30 de abril de 2010

quarta-feira, 28 de abril de 2010

As águas do silêncio

O silêncio azul e ocre corre interminavelmente para o momento verde de um barco onde parte a luz que trago comigo em busca do cais da ternura.
The Lake - Antony and the Johnsons 

sábado, 24 de abril de 2010

A Aberta da Praia da Foz do Arelho V



Na continuidade dos posts anteriores mostrando a evolução dos acontecimentos na praia da Foz do Arelho e da sua “Aberta” para o mar, apresentamos imagens realizadas no dia 22. Depois de uma 1ª camada de pedra foi-se colocando a areia, entretanto armazenada na margem sul da “Aberta”, para tapar aquela comunicação. Com alguma dificuldade devido às correntes (que impediram o encerramento, arrastando a areia para o interior da Lagoa, nos dias 20 e 21) lá foi surgindo um istmo unindo as 2 margens. Ainda estreito e insuficiente mas isolando já a Lagoa de Óbidos. Como ainda não está aberto (só iniciado) um canal de comunicação com o mar, no sítio de sempre da “Aberta", junto ao Gronho - a Lagoa está com as águas paradas e sem a oxigenação e mistura de águas habitual para manter o seu ecossistema. Esperamos para ver a evolução da situação e a resposta do Mar. Julgo que este fenómeno enquadra-se num conjunto de alterações ambientais e de catástrofes naturais cada vez mais frequentes que resultam do aquecimento global e de um planeta maltratado pela Humanidade. Diga-se de passagem que são múltiplas as referências por todo o país sobre o desaparecimento de quilómetros de praias. Ou seja: somos uma nação que está a encolher. Aproveitamos para informar que há 2 dias atrás foi noticiado existir já uma decisão para que o Museu de Cerâmica seja alargado para os espaços em volta – ficando posta de parte a sua instalação nos Pavilhões do Parque, tal como defendemos no nosso post do dia 10 de Abril passado. Congratulamo-nos, em consequência, com a solução final. Sabemos que o IPC esteve atento ao nosso post. Saber ouvir/ler os outros é um bom sinal. Estão, pois, de parabéns todas as Instituições envolvidas.
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A Change Is Gonna Come - Solomon Burke 

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cumplicidade

Phellinus torulosus - Mta das Caldas da Rainha
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Projecto de musgo Aninhado Ao colo do cogumelo Lento amor Na música da manhã A quietude das cores Como uma nave Pairando No espaço infinito
(VT)
Beauty of dreams – Sigur Rós 

terça-feira, 20 de abril de 2010

Da Arquitectura da Terra

Sementes de Plátano
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Sonata N. 21, D 960 (Schubert) - M. João Pires 
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Depois das nossas folhas e flores caírem
No foco do silêncio
Apenas o peso das sementes que deixarmos
Será determinante
(VT)
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Hoje é dia do 1º aniversário do blogue Heavenly. Durante este 1º ano publicámos 231 posts (1 filme e 236 fotografias, sendo 10 de quadros com pinturas em acrílico), quase sempre acompanhados por “banda sonora”, e recebemos 35.771 visitas oriundas de Portugal, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Luxemburgo, Irlanda, Inglaterra, Itália, Noruega, Suécia, Finlândia, Suíça, Austria, Polónia, Hungria, Rep. Checa, Roménia, Ucrânia, Croácia, Bulgária, Slovakia, Grécia, Rússia, Estónia, Angola, Moçambique, África do Sul, Marrocos, Argélia, Tunisia, Turquia, Egito, Israel, Kuwait, Arábia Saudita, Japão, Kazakhstan, India, Paquistão, Nepal, Indonésia, Malásia, Tailândia, Vietnam, Macau, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Austrália, USA, Canadá, Bermudas, Brasil, México, Equador, Argentina, Chile, Peru, Paraguai, Uruguai, Colômbia, etc. Cabe pois agradecer a Amizade, a Ternura, a simpatia, as emoções, o apoio e os incentivos recebidos por parte de todos quantos, de diversos modos, nos acompanharam nesta aventura pela blogosfera. Um reconhecimento muito especial é devido a quem interveio mais activamente através de comentários – sempre tão importantes para a vida de cada blogue -, e para 112 amigos (as) que seguem atentamente a evolução do Heavenly através da inscrição na aplicação “seguidores”. Este post – bem como o próximo, celebram pois, simbolicamente, os laços e as cumplicidades desenvolvidas entre todos que se encontraram aqui na estética muito própria deste espaço “descobrindo-o” e proporcionado uma aprendizagem recíproca. Este pedacinho de mim que se chama Heavenly ficou muito sensibilizado. Bem hajam VT

domingo, 18 de abril de 2010

White and Black

"Os Sulcos da Memória"
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O rumor do pulso, a lentidão
do mar
na dobra do lençol,
as inumeráveis
vozes do verão em ruína
- a carícia hesita entre os olhos
e a mão
(Eugénio de Andrade in "Os lugares do lume")
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Nights In White Satin - The Moody Blues 

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A Aberta da Praia da Foz do Arelho IV


On Stream - Nils Petter Molvaer

Como uma pequena “reportagem” fotográfica e dando continuidade aos posts anteriores (de 13 de Janeiro, de 8 de Fevereiro e de 13 de Março de 2010 – pf clicar na etiqueta em baixo sobre a Aberta), mostramos mais uma imagem sobre a evolução da praia da Foz do Arelho e respectiva Aberta para o mar – que se deslocou de sul (junto ao Gronho) para norte, onde se encontrava a praia. Depois de uma tentativa de se fechar a “nova” Aberta com grandes pedras, agora transportam-se grandes quantidades de areia para a zona da Aberta no intuito de a tapar. Podem observar-se na imagem os montes que se estão acumulando junto da actual entrada do mar para a lagoa. Julgamos que depois tentarão reabrir uma nova comunicação no local onde se encontrava anteriormente. Vamos assim assistindo, mês após mês, a este interessante caso em que se trava mais um “braço de ferro” entre o Homem e a Natureza

sábado, 10 de abril de 2010

A questão dos Pavilhões do Parque e do Museu de Cerâmica das C. da Rainha



 
2046 - Main theme
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Há algum tempo atrás foi noticiado, pelo Presidente da Câmara Municipal, o desejo de integrar nos edifícios emblemáticos e de grande importância patrimonial que são os Pavilhões do Parque das Caldas - o futuro Museu de Cerâmica das Caldas da Rainha, composto pelo acervo existente no Palacete Visconde de Sacavém (actual Museu de Cerâmica das Caldas da Rainha) acrescido de outras aquisições efectuadas ou a efectuar. Esta notícia surge na sequência do actual Conselho de Administração do C Hospitalar Oeste Norte ter deliberado estar disponível para ceder parte daqueles Pavilhões para aquele efeito. Sucedeu-se alguma polémica sobre a matéria e não me furto a emitir a minha opinião como cidadão já que esta matéria e o futuro do Património Termal das C. Rainha (o Espírito de Lugar) tem importância não só local mas também nacional. Como alguém já chamou a atenção, está a colocar-se o “carro à frente dos bois”. Ou seja, em 1º lugar deve existir um projecto, para o futuro museu, que apresente a estratégia/lógica dos espaços e as áreas necessárias, após a inventariação dos diversos acervos. Esse projecto deverá ser, obviamente, ser executado pela actual equipa responsável pelo Museu de Cerâmica. Só depois se deveria procurar o espaço mais adequado. O actual recheio do Palacete Visconde de Sacavém e o próprio edifício são indissociáveis cultural, física e historicamente. O Palacete foi mandado construir, no final do Séc. XIX pelo Visconde – como “Atelier Cerâmico”. A sua própria ornamentação integra cerâmica original da colecção e da Fábrica do Visconde. Foi ainda palco da formação e de exposições de cerâmica de vários artistas caldenses. Tendo em conta todo aquele passado, o Estado adquiriu, em 1981, o edifício e respectivo acervo. Uma Comissão criada para o efeito instalou-o e inaugurou-o em 1983 com o nome de Museu de Cerâmica. Acresce que existem terrenos contíguos pertencentes à Câmara Municipal que poderiam adaptar-se como extensão do actual Museu de Cerâmica albergando novas colecções – amplificando-o e dignificando-o. Por outro lado a viabilidade das Termas Caldenses prende-se também com a necessidade de procurar manter toda uma herança patrimonial, transmitida ao longo de gerações durante mais de cinco séculos. É essencial a compreensão de que todo o Património Termal Caldense, associado ao H. Termal, tem não só como origem o legado da Rainha D. Leonor e sucessivas doações, mas também de que essas sucessivas doações obedeceram quase sempre a uma estratégia global para todo o Património Termal, articulando, ao longo do tempo, de um modo complementar e sinérgico as diferentes peças que compõe a actual Estância Termal das Caldas da Rainha. Foram excepção os Pavilhões que foram pensados e executados como Hotel (um modelo termal que continua actual) para os aquistas, complementando as outras peças da estância termal das C. da Rainha. Acabaram por ser, abrigo de refugiados de diversas guerras, quartel, estabelecimento de ensino, etc. O Futuro deveria conter a oportunidade de corrigir situações menos conseguidas no passado e adaptar os Pavilhões a uma função que se articulasse com o termalismo – potenciando-o. Aquele princípio que se tem transmitido, desde os antigos Provedores é afinal uma mais-valia fundamental para a estratégia termal e concelhia. Essa unicidade funcional significa que o eventual destino de cada uma das peças patrimoniais não deve ser pensado isoladamente, mas antes respeitando uma lógica que assentou numa agregação sucessiva de Património e não na sua desagregação. Em consequência da criação de um Centro Hospitalar do Oeste Norte / novo Hospital há uma nova “formatação” institucional voltada para a vertente Doente agudo/H. Distrital, tornando-se evidente que o “cordão umbilical” que ligava o H. Distrital das Caldas à Estância Termal, irá inexoravelmente enfraquecer. A instituição que vier a ser criada para gerir a Estância Termal das Caldas da Rainha irá precisar dos Pavilhões para (eventualmente como unidade hoteleira estendendo-se até à zona da Parada no Parque) conseguir viabilidade e sustentabilidade económica para o relançamento do termalismo nas Caldas da Rainha. Retirar-lhe essa hipótese no futuro é “cortar-lhe” as pernas à partida. Só a existência de algo muito ponderoso e importante poderá fazer considerar o aparecimento de outras soluções menos adequadas. Ou seja e em conclusão… O Museu de Cerâmica das Caldas (Nacional – ou não) deveria, em meu modesto entender, e após execução de projecto adequado, estender-se para os terrenos contíguos ao Palacete Visconde de Sacavém – preservando este como núcleo inicial. Os Pavilhões deveriam ser enquadrados/integrados, juntamente com o restante conjunto patrimonial termal das C. Rainha, numa nova Entidade (por exemplo: uma Fundação) - que, para além da respectiva gestão, privilegie um moderno relançamento do termalismo Caldense.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Laying on the grass

O Universo começa a suspirar
Exactamente AGORA
Neste encontro rente à relva
Tu e eu
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Green Grass – Tom Waits

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Caminho de flores

Oxalis pes-caprae, vulgarmente conhecida por erva-canária, erva-azeda-amarela, trevo azedo ou erva mijona é uma planta da família Oxalidaceae oriunda da África do Sul e subespontânea na região mediterrânica e Europa Ocidental, florindo de Janeiro a Abril. Tóxica (oxalatos) quando ingerida em grande quantidade. Actualmente polvilha a Mata das Caldas transformando o planalto dos plátanos numa aguarela impressionista.
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Clair de Lune – Claude Debussy 

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O Charco

No charco
A clareira da pedrada
Inesperadamente
Pedaços de céu Iluminam o fundo
Descobrindo outras palavras
A luz desce ao poema
Uma nuvem flutua na água
No regresso da profundidade
Trazemos outros sonhos
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Energy Flow - Ryuichi Sakamoto 

domingo, 4 de abril de 2010

Memories

(Detalhe da fonte da Quinta da Boneca em Caldas da Rainha)
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A FONTE
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Ouve a fonte translúcida da quinta
Cercada de varandas onde a ausência
De alguém eterna mora e se debruça
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(Sophia de Mello Breyner Andresen in "Coral")
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Their Memories - Brian Eno & Harold Budd 

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Folha de Plátano


California Dreaming (All the leaves are brown) – Mamas and Papas

As folhas dos plátanos desprendem-se e lançam-se
na aventura do espaço,
e os olhos de uma pobre criatura
comovidos as seguem.
São belas as folhas dos plátanos
quando caem, nas tardes de Novembro,
contra o fundo de um céu desgrenhado e sangrento.
Ondulam como os braços da preguiça
no indolente bocejo.
Sobem e descem, baloiçam-se e repousam,
traçam erres e esses, ciclóides e volutas,
no espaço escrevem com o pecíolo breve,
numa caligrafia requintada,
o nome que se pensa,
e seguem e regressam,
dedilhando em compassos sonolentos
a música outonal do entardecer.
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São belas as folhas dos plátanos espalhadas no chão.
Eram verdes e lisas no apogeu
da sua juventude em clorofila,
mas agora, no outono de si mesmas,
o velho citoplasma, queimado e exausto pela luz do Sol,
deixou-se trespassar por afiados ácidos.
A verde clorofila, perdido o seu magnésio,
vestiu-se de burel,
de um tom que não é cor,
nem se sabe dizer que nome tenha,
a não ser o seu próprio,
folha seca de plátano.
A secura do Sol causticou-a de rugas,
um castanho mais denso acentuou-lhe os nervos,
e esta real e pobre criatura,
vendo o Sol coberto de folhas outonais
medita no malogro das coisas que a rodeiam:
dá-lhes o tom a ausência de magnésio;
os olhos, a beleza.
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(António Gedeão, Poemas Póstumos)