Vista do local da Lagoa de Óbidos denominado de "Braço da Barrosa" colhida de Leste em direcção à sua comunicação com a restante lagoa.
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A Lagoa de Óbidos é a que resta das três grandes lagoas que existiam na região desde o fim do neolítico (2000 a 2500 A.C). As outras duas eram: a lagoa de Alfeizerão (hoje reduzida à concha de S. Martinho) e, mais a norte, a da Pederneira que era navegável até Alcobaça (extinta durante o séc. XVII). A lagoa de Óbidos era muito mais extensa (8 a 9 vezes maior do que na actualidade) alcançando, por altura da ocupação romana, o sopé dos muros do castelo de Óbidos no seu lado Poente e prolongando-se para Oeste até ao Sobral da Lagoa. Há notícias que, pelo menos desde o início do século XV, as populações lutam contra o fim anunciado da Lagoa, através da abertura regular da ligação ao mar, sempre ameaçada pelo assoreamento.
Tem orientação NW — SW e estende-se, no sentido do comprimento, ao longo de seis quilómetros, com uma largura que oscila entre os mil e os mil e quinhentos metros. Na sua área mais interior, salientam-se o Braço da Barrosa, a leste, junto da foz do Rio da Cal e o Braço do Bom Sucesso, a sudoeste. Têm vindo a reduzir-se com tendência a transformarem-se em zonas pantanosas e já não existiriam se não tivessem sido executadas dragagens entre 1981 a 1987. Além da água do mar que penetra através da "Aberta" (ver etiqueta) também recebe água doce vinda dos rios Real, Arnóia e Cal e seus afluentes, que ali desaguam. A sua Bacia hidrográfica, com 438 Km2, recebe águas provenientes dos Concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Cadaval, Bombarral e Lourinhã.
O Braço da Barrosa, que deve o nome a uma antiga quinta/casal com o mesmo nome, na sua contiguidade, integrava as doações iniciais da Rainha D. Leonor ao Hospital Termal e possui uma paisagem de grande beleza e serenidade - onde podemos apreciar, como se tratasse de uma reserva, uma fauna muito diversificada convivendo lado a lado. Assim ouvimos (e observamos) os saltos de robalos e tainhas ecoando no silêncio do fim das tardes no meio de uma variegada e enorme comunidade de aves. Para além da garça-real, do pato-real, do ostraceiro, do maçarico-real (é empolgante assistir à sua caçada às enguias que se contorcem desesperadamente no seu bico), do garajau, da garça boieira, da garça-branca-pequena e das gaivinhas de bico preto também surgem ocasionalmente flamingos.
Uma paisagem fascinante e um ambiente surpreendente a contemplar e saborear serenamente.