sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Blue in Green

Folha a folha caminho na direcção da luz
Azul ciano pairando entre as árvores
 Onde o silêncio canta e os pássaros se calam
E o sonho emerge através do vidro do ar


Quando amanhecer regressarei com beijos

Blue in Green - Miles Davis

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Novos jogos

Nos registos de rua vão transparecendo novos hábitos e costumes. 
Lembro-me de anteriormente os jovens jogarem futebol em campos improvisados em terrenos baldios com chão de terra batida - muitas vezes enlameada. As árvores e pedras eram balizas e a bola muitas vezes de trapos. 
Hoje assistimos aos candidatos a CR7 praticarem o futebol na rua em parques sintéticos rodeados de objectos estranhos e obviamente pela floresta de betão. 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

On the nature of daylight

Como se sabe os cogumelos são saprófitas.
Isto é, alimentam-se do lixo na Natureza.
Porém as cidades têm crescido em vez dos cogumelos.
             
           Obviamente tem aumentado o lixo pela Terra.               

On the nature of daylight - Max Richter

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Das folhas e das aves


As aves que se movem já não têm
esta vida das folhas apagada
aves apenas mortas e sem nada
que lhes suprima a morte ou dê sequer
o movimento pálido do ar
nelas passando vezes que não é
possível já contar pois tantas vezes
o ar as move que se movem aves
embora no outono já não caiam
folhas ou aves ou talvez só caia
o movimento destas folhas morto
pois é pálido o ar aves e folhas
morrem na seca palidez que o move
e porque os homens não os move o ar

(in “As Aves” de Gastão Cruz)

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Out of nowhere

Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.

Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I
Caminho


The Absence of Time - Lisa Gerrad

domingo, 12 de outubro de 2014

Vento de Verão

O Verão e a Juventude sempre ficaram bem de mãos dadas com o vento a sublinhar o milagre. 
Esta imagem, feita no Verão que acabou de passar, fez-me transportar para um tempo de aromas e de sabores mágicos - que me atrevo a partilhar:

"Houve um Verão longínquo em que quase habitei, durante cerca de 2 meses, numa praia solitária. O areal imenso e desértico era ponteado pelas minhas pegadas e por algumas rochas que, na maré vazia, se organizavam em piscinas naturais. Nu, percorria o passeio de areia molhada num ritual de conchas e sal. Ao fim da manhã ia até um pequeno restaurante-cabana de madeira e colmo, construído pelos pescadores locais no sopé da falésia onde as escadas de terra batida desaguavam na praia, e ali acabava por almoçar. O ar era invadido, então, pelos odores de moreia frita, sargo na brasa e outros peixes cozinhados logo após a pescaria diária. Nas horas de maior calor refugiava-me na frescura de uma ravina entre falésias – onde pinheiros e figueiras estendiam silêncios. Sob o aroma de resina, de pinhões e das folhas das figueiras deliciava-me com pêssegos suculentos - cujo mel escorria abundante pelo meu rosto enquanto os trincava com volúpia. O silêncio era interrompido apenas pela vibração das cigarras e pelo eco longínquo da cavalgada das ondas. Tempo infinito, em frente do horizonte, saboreado minuto a minuto sem necessidade de abrir a caixa dos sonhos ficcionados - porque o sonho estava lá. Mergulhava no dourado do sol no oceano e quando a noite chegava: apanhava-me a flutuar na cintilação do luar na superfície da água do mar – à espera das estrelas cadentes. Mais tarde no meio do deserto da noite, enquanto esperava o oásis do amanhecer, o meu corpo escurecia mais (como o mar) deitado na cama da areia. E o vento do Verão vinha suavemente acariciar os sentidos...".

sábado, 11 de outubro de 2014

Outono na Lagoa V

A Lagoa de Óbidos é conhecida também pelas tonalidades adoptadas pelas suas águas, no final do dia, que mudam diariamente. No entanto durante o Outono há a peculiaridade de um enriquecimento dos tons dourados que rivalizam com os azuis celestes. Razões para, neste início de Outono, me reencontrar com a Lagoa. Foto colhida no Braço do Bom Sucesso. 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Cores ou P&B?


Optar entre o P&B e a cor. É um dilema conhecido dos fotógrafos. Como se sabe, a decisão surge em função das imagens em P&B, por exemplo (e de um modo abreviado), favorecerem mais a leitura das formas na composição e ou permitirem contrastes de luminosidade mais evidentes favorecendo o dramatismo da cena. A luz e a sombra desempenham um papel muito específico no P&B. Há, porém, outras fotos cujo cromatismo pede obviamente que se mantenham ou enalteçam os contrastes cromáticos.
Na temática de retratos a fotografia a preto e branco combina na perfeição e é mais frequentemente utilizada. Isto pode dever-se, em parte, ao facto de muitos retratos executados por grandes fotógrafos do passado serem monocromáticos e estarmos mais familiarizados com o estilo. Quando a imagem é despida de cor procura-se muitas vezes realçar o carácter e a personalidade do fotografado.
No entanto há casos limite em que é difícil decidir qual versão pode ser uma mais-valia. Foi o que me aconteceu com o presente retrato. Por um lado a cor dos olhos (obrigatoriamente seleccionados na focagem) pede uma imagem a enaltece-la – saturando-a selectivamente – e ao mesmo tempo criando um retrato mais invulgar. Por outro o P&B mantém todo o seu poder de atracção enfatizando a luminosidade do olhar (com ligeira vinhetagem) bem como os contrastes e força dramática. 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Outono na Lagoa IV

A Lagoa de Óbidos é conhecida também pelas tonalidades adoptadas pelas suas águas, no final do dia, que mudam diariamente. No entanto durante o Outono há a peculiaridade de um enriquecimento dos tons dourados que rivalizam com os azuis celestes. Razões para, neste início de Outono, me reencontrar com a Lagoa. Foto colhida no Braço do Bom Sucesso. 

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Outono na Lagoa de Óbidos III

A Lagoa de Óbidos é conhecida também pelas tonalidades adoptadas pelas suas águas, no final do dia, que mudam diariamente. No entanto durante o Outono há a peculiaridade de um enriquecimento dos tons dourados que rivalizam com os azuis celestes. Razões para, neste início de Outono, me reencontrar com a Lagoa. Foto colhida no Braço do Bom Sucesso. 

domingo, 5 de outubro de 2014

Outono na Lagoa de Óbidos II

A Lagoa de Óbidos é conhecida também pelas tonalidades adoptadas pelas suas águas, no final do dia, que mudam diariamente. No entanto durante o Outono há a peculiaridade de um enriquecimento dos tons dourados que rivalizam com os azuis celestes. Razões para, neste início de Outono, me reencontrar com a Lagoa. Foto colhida no Braço do Bom Sucesso. 

sábado, 4 de outubro de 2014

Outono na Lagoa de Óbidos I

A Lagoa de Óbidos é conhecida também pelas tonalidades adoptadas pelas suas águas, no final do dia, que mudam diariamente. No entanto durante o Outono há a peculiaridade de um enriquecimento dos tons dourados que rivalizam com os azuis celestes. Razões para, neste início de Outono, me reencontrar com a Lagoa. Foto colhida no Braço do Bom Sucesso. 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Caminho na Lagoa de Óbidos

Ponte a sul da Lagoa de Óbidos entre os Braços da Barrosa e do Bom Sucesso. Setembro de 2014.

Atrevo-me a confessar que esta é uma das minhas fotos preferidas. O céu ao apresentar-se com nuvens brancas permitiu o destaque e contraste da figura que surge como que com uma aura. Se estivesse azul tal não seria possível. Por outro lado o ângulo de colheita muito baixo "empolga" ainda mais a figura e o cenário. O enquadramento conduz o olhar através da ponte em sentido inverso ao da figura e em direcção à árvore. O P&B contrastado dramatiza ainda mais. Uma foto quase "cinematográfica" que não sei bem porquê me fez lembrar alguns planos do filme "Os Inadaptados" de John Houston (guião de Arthur Miller) com Marilyn Monroe, Clark Gable e Montgomery Clift.