Reinventar a realidade é um exercício muito interessante.
Não distinguindo entre o que aconteceu e o que não aconteceu permite-nos eternizar a versão que nos dá mais prazer.
Fotografar (como qualquer outra manifestação artística) é um acto mágico que faz aparecer coisas que não existiam antes, sem se entender muito bem o processo.
Aliás, o mais importante é, nestes casos, não compreender. Se assim fosse deixaria de existir qualquer mistério ou magia.
As imagens fotográficas acabam, frequentemente, por adquirir maior importância que as situações originais porque o desaparecimento das coisas reais é inevitável.
A destruição da realidade é inerente à própria existência.
Nada permanece. Tudo dura apenas poucos momentos.
As imagens, ao contrário, podem durar muito mais. Assim as fotografias, revelando imagens exteriores ou interiores, permanecem suspensas proporcionando uma saída para a morte anunciada das coisas.
Mas cuidado. As imagens têm o dom de enganar (quem produz e quem assiste) porque ganham vida própria, após serem tornadas públicas, alterando-se os seus significados originais.
Passam a desencadear interpretações e sensações diversas, consoante o observador, quando se tornam propriedade de todos.
Como as nuvens, em que a mesma forma é “lida” de modo diferente por cada pessoa.
E assim, uma imagem pode-se transformar em múltiplas versões, consoante o número de apropriações, desencadeando inesperadas reacções em cadeia.
Assim cumprem o destino para o qual foram concebidas.
VT
Midnight blue - Sainkho Namtchylak
1 comentário:
Obrigada ao "anfitrião" pela partilha desta aconchegante "Sala de Estar", que constitui um verdadeiro colosso para os sentidos.
Passar por cá, permanecer um pouco, ouvir uma música suave, contemplar uma bela paisagem ou uma bonita tela, ler atentamente uma história, absorver o brilho de um sumptuoso mineral, é efectivamente terapêutico.
Muitos parabéns pelo blog. Se tivesse que lhe atribuir um título, poderia ser:
" Vasco Trancoso - Do Outro Lado - O Sentido da Vida -
Obrigada
FC
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