Lagoa de Óbidos em Junho de 2009
Perante esta imagem da Lagoa de Óbidos, ainda actual, e consciente das consequências das grandes alterações climáticas que se anunciam, não posso deixar de pensar que esta paisagem, um dia, poderá ser apenas uma mera recordação numa fotografia amarelecida.
O que restará de um país e de um mundo no qual se prevê quer a desertificação quer uma subida acentuada das águas dos oceanos, para mais breve do que estava calculado há poucos anos, condicionando êxodos sucessivos, sem precedentes, para novos locais no planeta, no qual um bilião de pessoas terão de mudar a sua residência até 2040?
Há um mundo que está simultaneamente em desconstrução e reconstrução e, em várias previsões, os mapas referem que, na Europa, Portugal será dos mais atingidos.
Será que o nosso país ficará reduzido quase a uma ilha no local da Serra da Estrela?
Os nossos filhos e netos terão que começar, brevemente, a pensar para onde irão viver?
Quanto tempo durará a Lagoa? Quanto tempo mais durará este nosso mundo que agora nos rodeia?
VT
Avé Maria – Chris Botti
3 comentários:
A nostalgia do presente é um fenómeno de todos os tempos. (Diz-se, aliás, que já nem a nostalgia é o que era...).
Mas nada é claro em termos ambientais, fala-se aqui de fenómenos antagónicos, o desaparecimento da Lagoa pelo recuo das águas do mar e a redução do nosso país à Serra da Estrela pelo seu avanço.
O planeta tem também um ciclo próprio, mal estudado, compete-nos fazer tudo ao nosso alcance para minimizar o impacto da nossa forma de viver no ambiente que vamos deixar às gerações futuras. E esperar que o "sentido de auto-preservação da Terra" não acabe connosco, como já acabou, noutros tempos, com outras espécies menos nocivas...
Obrigado JJ!
Quando escrevi "um mundo no qual se prevê quer a desertificação quer uma subida acentuada das águas dos oceanos" não me referia à Lagoa - sobre a qual incidirá apenas um dos fenómenos e não os 2 ao mesmo tempo o que seria realmente contraditório. No planeta, julgo que a desertificação e a subida das águas podem vir a surgir em momentos diferentes e em locais diferentes.
Abraço
VT
Por exemplo o Público de 27.01.2009 refere (Ana Gerschenfeld) :
O cenário assustador já é bem conhecido: tempestades mais violentas, secas mais pronunciadas, subida das águas dos oceanos, degelo dos glaciares e da Antárctida. Tudo por causa do aquecimento global. Mas há outra novidade: mesmo que, ao longo das próximas décadas, todos os países do mundo consigam controlar as suas emissões de gases, o efeito de estufa, esse, não desaparece logo. Dizem-no Susan Solomon, da National Atmospheric and Oceanic Administration norte-americana, e colegas de Suíça e França, num estudo publicado na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences".
VT
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