Krigler é uma marca lendária,
selectiva, “bespoke like” e semi-misteriosa - que não é muito comentada. Mantém
uma política discreta com pouca propaganda – não pactuando com o negócio de
muitos “reviewers” que comentam fragrâncias a metro com elogios muitas vezes
“comprados”. Semelhante a um produtor de vinho, Albert Krigler referia:
“fabricamos os nossos perfumes como vinho no sul da França, onde extraímos os
materiais e os deixamos descansar em barris até dois anos antes de começarmos a
misturá-los com álcool com uma concentração de 25%”. Os seus 35 perfumes (EDP),
são ainda comercializados pelos seus descendentes, e só podem ser adquiridos no
respectivo “site”, e nas lojas de França, Berlim, Hong Kong, New York Plazza e
no Four Seasons Beverly Hills. As histórias que transportam estão ligadas à
realeza, a grandes estrelas do cinema e a grandes figuras da História desde o
início do século XX.
São fragrâncias atraentes e de
elite correspondendo ao desejo do fundador Albert Krigler de criar fragrâncias
de luxo exclusivas, criadas com os melhores ingredientes do mundo. Nascido em
Berlim, Albert Krigler trabalhou inicialmente para a empresa francesa Rallet
como aprendiz na sua fábrica de Moscovo.
Tudo começou com amor,
naturalmente. Em 1879, Albert inventou Pleasure Gardenia 79 um perfume floral
como presente para conquistar a sua futura esposa.
Devido aos tumultuosos eventos
ocorridos em São Petersburgo, Albert Krigler mudou-se para Berlim, em 1905, e
abriu uma loja na Unter den Linden. Nesse mesmo ano, criou a sua terceira
fragrância, Schoene Linden 05, para celebrar a bela avenida daquela cidade.
Alguns anos depois, em 1909, Krigler mudou-se para a região de Champagne no sul
de França.
A Krigler Perfumes alcançou
grande fama no início dos anos 20 e era a favorita entre as celebridades da
época. Os “opinion makers” e os criadores de tendências reuniam-se envolvidos
em aromas de Krigler, cada um deles inspirado em locais como Monte Carlo, a
Riviera Italiana e o Mediterrâneo.
Porém, em 1931, a Krigler
começou a vender as suas fragrâncias em Nova York no Plaza Hotel. Em homenagem
à sua casa adoptiva, Albert criou o American One 31 (os números nos frascos
significam o ano em que foram criados. Neste caso em 1931), um perfume que se
viria a tornar numa fragrância de culto. Ernest Hemingway, que frequentava o
mesmo círculo que os Krigler, era um ávido utilizador deste perfume – que se
tornou a sua assinatura odorífica. Mais tarde quando John F. Kennedy soube que
Hemingway costumava usá-lo, passou também a comprar grandes quantidades e a
utilizá-lo em ocasiões especiais: Quando pretendia seduzir mais uma das suas
inúmeras amantes (na altura fazia, frequentemente, injecções de testosterona e
de esteroides devido à sua insuficiência suprarrenal) e no dia em que se tornou
presidente.
Uma aura inicial de bergamota
/ tangerina (mais doce do que ácida) com notas de vetiver e neroli assenta numa
base com a força do cedro, do cominho e da pimenta preta. Fresco, especiado e
amadeirado é exuberante / dinâmico / masculino e elegante, com um acabamento
inteligente que permanece muito tempo na pele. Identifico ainda uma “vibe”
discretamente adocicada que não está descrita na composição. Curiosamente
fez-me ler um pouco o "Renaissance" da Xerjoff. Foi adoptada
posteriormente também por George Clooney e pelo presidente Clinton.
Na década de 1930, Marlene
Dietrich apareceu no estúdio Krigler e apaixonou-se pelo perfume Lieber Gustav
14, uma fusão de couro, chá preto e lavanda - que se tornou o primeiro perfume
unissex da casa. Também era utilizado por F. Scott Fitzgerald - enquanto
escrevia “Tender Is the Night”. Grace Kelly escolhia aromas Krigler
exclusivamente para cada ocasião ou para cada papel que interpretava. Por
exemplo, usou Chateau Krigler 12 na noite em que ganhou um Oscar no filme “The
Country Girl”, em 1955. Audrey Hepburn usava English Promenade19 durante as
filmagens de “We Go to Monte Carlo” e de "Roman Holiday" com Gregory
Peck. O fabuloso Patchouli 55 foi o perfume de cabeceira da princesa Victoria
da Suécia e de Jackie Kennedy e é actualmente o preferido de Annette Bening.
Catherine, Duquesa de Cambridge, e a Princesa Charlene do Mónaco são fãs do
Extraordinaire Camelia 209. Também é muito conhecido o Oud for Highness 75
encomendado pelo rei Hussein da Jordânia. Outros dos seus perfumes foram também
usados por Pablo Picasso, Zelda Fitzgerald, Rudolph Valentino, Max Beckmann e
Colette.