quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2010

Cosmic light. Acrílico sobre tela. 1m X 1m. VT/2006
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May your days be bright and your heart be light through the coming New Year!
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Life in The Gravity Well - Michael Stearns

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Luzes da Cidade

Praça da Republica das Caldas da Rainha (Dezembro de 2009)
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Limelight (Charles Chaplin)

A Praça da República nas Caldas da Rainha, hoje, fica praticamente deserta após a hora do jantar. Antes era palco constante de famílias e grupos de amigos passearem-se (fazendo “piscinas” para cima e para baixo) e convivendo de noite após uma bebida no Café Central. Como também para muitas outras Praças e ruas por esse País fora, tudo começou, provavelmente, em sete de Março de 1957 quando a Rádio Televisão Portuguesa iniciou as suas emissões de um modo regular desde os Estúdios do Lumiar. A partir desta data, em Portugal, progressivamente, os espaços modificaram-se e as pessoas começaram a ficar em casa. Em 1977, famílias inteiras viam "Gabriela Cravo e Canela". Durante a transmissão dos últimos episódios dessa telenovela, algo de inusitado e premonitório ocorreu em Portugal: as ruas ficaram desertas no país inteiro porque a população assistia empolgada, em frente ao ecrã televisivo, ao final daquela série brasileira. Desde esse ano, a televisão passou a ser uma concorrente dos cinemas e dos teatros que iniciaram uma crise de frequência. Na década de 1980, novos factos, porém, viriam a surgir em favor da televisão e em desfavor da convivialidade nas ruas e praças: o aparecimento das transmissões televisivas com imagem “a cores”, um maior número de programas recreativos transmitidos pela RTP e os preços cada vez mais baratos dos televisores, levou a que a maior parte dos portugueses passasse a ter televisão em casa. Em consequência, as novas gerações, que nasceram já à luz do vídeo, começaram a ser habituadas a telesonharem, frequentando o programa da televisão em vez de frequentarem centros de convivialidade. Na década de 1990, o aparecimento de estações privadas de TV com a consequente oferta de um maior leque de programas e disputa de audiências, acentuou, ainda mais, a ligação entre o indivíduo e o ecrã da televisão. Em 1994, os lisboetas passavam 15 horas e 27 minutos por semana (em média) em frente à televisão e 90,3% viam regularmente TV. Nesse ano, 95,9% dos lares portugueses possuía TV. Hoje, na Europa, o nosso país é, provavelmente, o que possui a população mais teledependente. Hoje diminuiu-se significativamente, nos espaços públicos, a função de local de noticiário directo porque a televisão é que (des) informa, mantendo as pessoas em casa, propiciando uma vida cada vez menos social e isolando o indivíduo em andares. Hoje diminuíram as relações entre os indivíduos e as ruas e Praças das nossas cidades, que de noite são, essencialmente, “canais” de passagem para os automóveis que atravessam o deserto urbano iluminado pelas janelas das habitações reflectindo o brilho próprio das televisões em frente das quais as pessoas estão demasiado “prisioneiras”. As luzes da cidade, à noite, continuam à nossa espera.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

When you wish upon a star

Foto colhida na Mata das Caldas da Rainha em Dezembro de 2009
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Hoje o “post” pretende homenagear todos quantos nos acompanharam, ao longo destes primeiros 8 meses de vida do Heavenly, quer através de visitas (cerca de 25.900) quer com comentários enriquecedores deste espaço. Tem sido um privilégio ter vindo a contar com o apoio e carinho manifestados. Aproveito para desejar e retribuir os Votos de Boas Festas, entretanto recebidos, e dedicar a todos um tema clássico – apropriado para o momento que atravessamos - desta feita interpretado pelo Keith Jarrett Trio no Memorial Hall de Tokyo em Outubro de 1986. Bem hajam
VT
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When You Wish Upon a Star – Keith Jarrett 

When you wish upon a star
Makes no difference who you are
Anything your heart desires
Will come to you
If your heart is in your dream
No request is too extreme
When you wish upon a star
As dreamers do
Fate is kind
She brings to those who love
The sweet fulfillment of
Their secret longing
Fate steps in and sees you through
When you wish upon a star
Your dreams come true

domingo, 20 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Geometrias

Detalhe do Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha
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Spleen - Enrico Rava And Richard Galliano

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Grandella - Sinopse para um filme

Vestígios da muralha que delimitava, há cerca de 1 século, o Palacete Grandella no Monte do Facho, Foz do Arelho


Fool on the hill – The Beatles

1940... As primeiras imagens desenrolam-se durante as escavações nas fundações do antigo palacete Grandella para adaptação a uma Colónia de Férias (a FNAT, e que mais tarde se viria a denominar INATEL). Chove torrencialmente... Subitamente é encontrado, pelos trabalhadores, nas fundações do antigo palácio, um canudo de metal com uma mensagem no interior... Grandella, o homem que gostava de surpreender tinha deixado enterrada uma última surpresa... Seis anos após o seu falecimento... surgia um último documento que de imediato, levantou celeuma, porque se julgou indicar o local onde teria escondido algum dos seus fabulosos tesouros... O homem que viajava em 3ª classe porque – dizia: “que era filho de gente pobre" e colocava os filhos em 1ª classe "porque eram filhos de gente rica", mantendo uma personalidade rica de contrastes, previu ainda uma última palavra... Antes de se desenrolar e decifrar o que estava escrito no documento, a objectiva foca a assinatura: FAG (Francisco de Almeida Grandella)... ... A mesma que se lê agora num quadro... estamos em 1923... Grandella tem 70 anos e está a acabar de pintar um quadro sobre a lagoa de Óbidos e a falésia do “gronho” que se estendem em frente da janela manuelina do seu palacete – que erigira entre 1898 e 1907... Reflecte longamente... O seu mundo pessoal está em vias de extinção (morreria 11 anos depois) em paralelo com o desaparecimento do outro mundo lá fora... a sociedade com que se identificava, como a conheceu, sonhou e... de certo modo moldou. Resolve interromper a pintura para escrever mais uma carta ao seu amigo e companheiro de tantos projectos e aventuras: o arquitecto Rosendo Carvalheira. Enquanto escreve a sua voz vai-nos contando que o Dr. Pulido Valente lhe diagnosticou Diabetes, que decidira escrever um livro autobiográfico e lamenta-se que vai ter que hipotecar as fábricas de Benfica porque a casa Grandella enfrenta graves problemas financeiros... Grandella apostara numa curta duração para a Grande Guerra, adiando o pagamento aos fornecedores estrangeiros, esperando que o conflito passasse depressa, de molde a vir a pagar com um câmbio favorável. Como tal não aconteceu teve que suportar juros elevadíssimos e, em 1921, surgiu o 1º balanço negativo dos seus armazéns. Era o início da queda do seu império. Do seu refúgio predilecto na Foz do Arelho, inicia então o relato da sua própria história descrevendo a sua partida para Lisboa, em Outubro de 1865, com 12 anos... o filme “materializa” então o discurso de Grandella com as imagens da sua viagem para Lisboa, acompanhado pela prima Miquelina, e a chegada à capital onde o esperava uma chuva torrencial (que reapareceria sempre nos grandes momentos da vida de Grandella) dando início e continuidade a todo o percurso de Grandella. ... As imagens passam a descrever a criança após a chegada a Lisboa e, pouco depois, o início da sua vida comercial, e os episódios que foram pontos marcantes do seu êxito comercial... e durante os quais chovia sempre, como por exemplo em 1881 quando, em consequência dos seus preços serem os mais baixos, e de outros comerciantes o terem acusado de vender artigos de contrabando, ter colocado, de imediato, letreiros à porta anunciando: "chegaram mais fazendas de contrabando" e acabar por vender ainda muito mais para desespero dos concorrentes que tinham posto o boato a circular... Descrevem ainda o homem de múltiplas facetas, cuja vida foi uma aventura empolgante e cuja personalidade carismática foi extremamente popular; que fora um comerciante genial construindo um império da moda, quase a partir do nada, tendo sido pioneiro de técnicas de publicidade e de venda (do “mail order business”) só exploradas no final do Sec.XX, surpreendendo frequentemente com a sua imaginação e sentido de oportunidade; que desempenhou um papel significativo - integrado nos movimentos republicano e maçónico - no derrube da Monarquia (Lei da separação do Estado e Igreja executada por Afonso Costa, em 1911, na sua casa da Foz do Arelho); que ao salvaguardar os direitos, dos seus empregados, ao descanso semanal e à educação, bem como ao proporcionar boas condições de trabalho - apoiadas pela construção de uma creche, de uma escola, de um bairro operário e de uma Caixa de Socorros -, deu um exemplo de eficiência e justiça e mostrou o que a Monarquia vigente poderia ter feito e não fez; que deu uma especial atenção aos problemas da Educação, sobretudo ao analfabetismo, em Portugal construindo várias escolas – que ofereceu mais tarde ao Estado; que era simultaneamente austero, simples e hospitaleiro mas vivia por vezes no meio de certo espalhafato; que era um "gourmet" da vida que "cegava" quando as paixões (foram várias as mulheres na vida de FAG) o tocavam; que era perseverante nas suas acções filantrópicas apesar dos frequentes impulsos de fantasia, mas possuidor de uma enorme generosidade e ao mesmo tempo implacável na vingança; que procurara criar, constantemente, paraísos artificiais nos quais colocava animais que importava de outos países e que tinha sido fundador do lendário grupo gastronómico: "Os Makavenkos", onde pontuavam as grandes figuras da transição dos séculos XIX-XX, como Bordalo Pinheiro e outros... ... Regressamos à cena de 1923... Enquanto Grandella dá os últimos retoques na pintura, vão saindo as notícias nos jornais de então sobre os acontecimentos da sua última década (Em 1927, a hipoteca de 5500 contos sobre as fábricas de Benfica; em 1928 adoece gravemente e escreve o seu curiosíssimo testamento, enquanto a Casa Grandella solicita empréstimo de 3 mil contos; em 1929 novo empréstimo, de 1200 contos, e FAG deixa indicações para o seu próprio funeral; em 1931 escreve possuído de uma enorme nostalgia o Auto do Cipreste; em 1932 a administração da Casa Grandella passa a ser exercida pelo Banco Porto Covo & e Cª; em 20 de Setembro às 20h de 1934 – morre no alto do seu monte do Facho na Foz do Arelho)... Finalmente o filme regressa ao seu início... desvendando-se então o documento... A mensagem afinal reflectia sobre o facto de a terem encontrado. Era sinal que tinham destruído o seu património, o seu mundo, o império que Grandella tinha construído com tanto entusiasmo e amor... No entanto recomendava aos novos donos, à Foz do Arelho e em geral, a sua divisa de sempre “Sempre por bom caminho e segue”... Desejava, ainda para a Foz do Arelho (com quem tinha uma relação de amor) um desenvolvimento turístico, que desejava harmonioso, e para o qual via a necessidade de um "plano geral" que evitasse futuros "aleijões" urbanísticos... Desejava uma nova Veneza – com palacetes por entre os quais serpenteavam brilhando as águas da lagoa de Óbidos...

sábado, 12 de dezembro de 2009

The wind and the trees (and the birds)

Em Maio de 1889, Rodrigo Berquó, então Administrador do Hospital Termal das Caldas da Rainha, encomendou mil Eucaliptus Globulus, que foram plantados a sul dos Pavilhões do Parque D. Carlos I e a nascente da Mata, ladeando a alameda que terminava no célebre miradouro denominado: “Pinheiro da Rainha”. Os exemplares que restaram foram referenciados pelo Professor Caldeira Cabral, em 1983, como os únicos exemplares desta espécie na península ibérica. São bens patrimoniais, entre outras espécies vegetais, a preservar num espaço que merece ser classificado. Ainda hoje existem alguns exemplares, atingindo em alguns casos mais de 50m de altura, que emergem bem acima das outras árvores da Mata Rainha D. Leonor, inclinando-se ao sabor do vento. Vento que, acompanhado pelos pássaros, vai soprando uma música – feita de profundidade – que passa de ramo em ramo e apetece ficar a ouvir, demoradamente, tentando perceber a dança das folhas. Nota: Este vídeo, que gravei com a máquina fotográfica, foi publicado no YouTube. Assim há duas “bandas sonoras” opcionais.

Wild is the Wind – Johnny Mathis

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

The Season before (and about B&W Photography)

Praia da Foz do Arelho em Agosto de 2009
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Os 2 últimos “posts” motivam-me a escrever algumas reflexões sobre a fotografia “em Branco e Preto”. Para além da Arte fotográfica ter “nascido” a Branco e Preto, constatamos que esta “roupagem” não só resistiu ao aparecimento das "versões coloridas”, em meados do Sec. XX, mas continua a competir com estas em plena era do registo digital. Hoje, as fotos, depois de colhidas a cores nas máquinas digitais actuais, são modificadas para Preto&Branco no pós-processamento. Ao ser neutralizado o impacto da cor, sobressai uma estética assente não só no realce das formas e texturas, mas num modo de “ver”, muito próprio, a luz e os seus contrastes. Em consequência a composição monocromática pode ser mais interpretativa e subtil acerca da realidade. A fotografia documental pode tornar mais profunda a análise da relação entre as coisas e ou as pessoas, desmontando o burlesco e as incongruências de determinadas situações, hábitos ou cultura. A denúncia social e a poesia ficam mais tangíveis. Uma realidade quase “paralela” (na qual mal se repara no dia a dia) pode surgir com novas questões na janela do enquadramento. Simulacros, novos sinais do afrontamento da Natureza pela Humanidade, gentes e paisagens misturam-se de modo diferente no Preto&Branco desvendando um outro lado dos lugares. Não foi por acaso que Cartier Bresson, Sebastião Salgado ou Tony Ray Jones (entre muitos outros) optaram exclusivamente pelo Preto&Branco. Mas atenção! As fotografias não dão respostas. Apenas colocam questões. Será adequada a baliza de futebol ou o barco de “brincar” no meio da paisagem natural das nossas praias? Ou serão antes elementos dissonantes e vestígios do eterno confronto entre o Homem e a Natureza? Que paisagens deixaremos para trás no futuro com ou sem “day after”?
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Retrato em Branco e Preto - Elis Regina