Salamandra-de-fogo,
Salamandra comum ou Salamandra-de-pintas-amarelas.
Outros nomes
comuns: saramela, saramaganta.
Salamander Pie - Jay Leonhard
Na sequência de outros “posts” acerca da fauna (ver etiqueta) da Mata das
Caldas da Rainha hoje é dia da Salamandra. Neste momento é frequente
encontrá-las pois é altura em que, após o acasalamento, procuram locais com
água para depositarem os ovos e acontece aí ficarem retidas porque caiem em
pequenos depósitos de águas pluviais existentes na Mata e depois não conseguem
subir a parede de cimento. A da fotografia teve a sorte de ser retirada de uma
dessas “armadilhas” (onde já tinha desovado já que se viam os seus girinos a
nadar) e pôde regressar ao seu meio “mergulhando” sob as raízes de uma árvore.
Acredita-se que as salamandras estão entre os moradores mais antigos do
planeta, pois cientistas já encontraram fósseis com 165 milhões de anos na China e na Mongólia.
Actualmente existem cerca de 450 espécies. Podem ser aquáticas ou terrestres, bem como
anfíbias. Caçadoras exímias, atacam rapidamente e devoram minhocas, insectos, batráquios, crustáceos e peixes. São atacadas por aves, tartarugas, cobras, peixes ou outros anfíbios. Por isso, costumam ficar escondidas em baixo de
pedras ou plantas.
Algumas espécies são muito venenosas. Geralmente são as que têm cores fortes, que mantém os predadores afastados, como é o caso da salamandra de fogo, preta e amarela. O seu veneno queima a pele de pessoas e animais e pode até
causar parilisia se entrar na corrente sanguínea. A sua pele pode produzir um alcalóide neurotóxico que
provoca convulsões musculares
fortes e hipertensão combinada
com hiperventilação em todos os
vertebrados. As glândulas de
veneno da Salamandra de fogo estão concentradas em determinadas áreas do corpo, especialmente
à volta da cabeça e na superfície da pele dorsal. As porções de cor da
pele do animal, geralmente
coincidem com estas glândulas.
Vivem solitárias e produzem uma substância com cheiro para atrair parceiros
na época do acasalamento e outra que usam para marcar seu território. Em geral
só emitem sons quando querem espantar algum predador.
Entre os vários Mitos acerca deste animal
sobressai a sua resistência ao fogo. Inúmeros sábios e filósofos, à frente dos quais estão Aristóteles e Plínio, afirmaram aquele poder de
salamandra. De acordo com eles, a salamandra não somente resistia ao fogo, mas
conseguia apagá-lo e, quando via a chama, avançava contra ela, como um inimigo
que sabia vencer à priori.
Na "Vida de Bevenuto Cellini",
artista italiano do século XVI, escrita por ele mesmo, há o seguinte trecho:
"Quando eu tinha cerca de cinco anos de idade, meu pai, estando num
pequeno quarto, onde estava fogo e madeira de carvalho, olhou as chamas e viu
um animalzinho semelhante a um lagarto, que podia viver na parte mais quente do
elemento. Percebendo imediatamente do que se tratava, chamou-me e a minha irmã,
e, depois de nos ter mostrado a criatura, deu-me um tabefe no ouvido. Caí,
chorando, enquanto ele, consolando-me com carícias, disse estas palavras:
"Meu querido filho, não te dei este tabefe por alguma coisa errada que
tiveste feito, mas para que te lembres que a criaturinha que viste no fogo é
uma salamandra, tal qual nenhuma outra foi vista por mim até hoje". Assim
dizendo, beijou-me e deu-me algum dinheiro."
À custa desta noção foram chegaram a ser
produzidos panos à prova de fogo, que se diziam feitos da pele de salamandra.
Veio a constatar-se depois que a substância de que eram feitos era o amianto.
Não por acaso se chamam de salamandras a determinado tipo de aquedor para as
casas.
O fundamento da lenda acima relatadas parece
provir afinal do facto da salamandra realmente segregar pelos poros do corpo um
líquido leitoso, que, quando ela se irrita, é produzido em grande quantidade e
que pode, sem dúvida, durante alguns momentos, protegê-la contra o fogo. Além
disso, a salamandra é um animal hibernante, que, durante o inverno, se refugia
em troncos de árvores ou em outra cavidade, e ali permanece em estado de
torpor, até que a primavera a desperte de novo. É possível, portanto, que seja
levada ao fogo junto com a lenha, onde está inclusa, e só desperte a tempo de
recorrer às suas faculdades defensivas. O seu suco viscoso será, então, de
todo valor e todos quantos têm assistido a esta situação admitem que ela trata de sair do fogo o
mais depressa possível.
3 comentários:
Obrigada por compartilhar seu conhecimento,muito interessante !
Interessante!!Desconhecia que existissem na Mata..Mais uma beleza a acrescentar à história do local.
Maria Teresa David Marques
Já apanhei e depois soltei-as. Duas iguais na aldeia da minha Azóia. São frias ao tacto e muito lindas, não mordem.
José Carlos Favas
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