quarta-feira, 28 de agosto de 2013

S.O.

Serviço de Observações (S.O.) de Homens no S. de Urgência do Hospital de S. José em 1976


Là Où Meurent Les Anges - Caithness

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

The pain

Balcão de Mulheres na Urgência do Hospital de S. José em 1975.


Elegy - Lisa Gerrad and Patrick Cassidy

Em meados do século XX (e até à década de 1970) estar de Banco nos Hospitais Civis de Lisboa (HCL) era uma honra, uma oportunidade única de aprender com os melhores e algo que trazia também a respeito profissional e a consideração técnica. Para usufruir desse privilégio trabalhávamos 24 horas seguidas GRATUITAMENTE no Banco (forma de designar o S. Urgência que aparece documentado desde 1633 - mas se generaliza na gíria médica no H. de Todos os Santos cuja Escola o transmite aos HCL e se transmite depois a todos os restantes Hospitais) dos HCL. O Banco realizava-se no H. S. José e tinha, na década de 1970, cerca de 800 Doentes, diariamente, que ali acorriam - oriundos da grande Lisboa e do sul inteiro do Pais - e eram tratados por uma equipa médica com cerca de 40 elementos, para além de um pequeno exército de enfermeiras que, tal como os outros profissionais, não paravam numa correria constante a acudir aos Doentes. Era um caos muito bem dominado e coordenado pelo Cirurgião que era Chefe de Equipa.
Entrava-se por um pequeno átrio com porta aberta para a rua e onde ficava os gabinetes da polícia e a Secretaria onde se faziam as inscricções. Daí passava-se aos “Balcões” de Homens e Mulheres onde os Doentes eram alvo de uma triagem especial - porque ou eram aí tratados, ou passavam para os S.O (Salas de Observação) ou iam directos para o Bloco Operatório que ficava ao lado da sala de pequena cirurgia - do lado direito do corredor do S.O. Adivinhamos a gravidade dos Doentes pela correria mais ou menos acelerada dos bombeiros entrecortada pelo eco de gritos e pelo estrondo das macas a bater nos batentes das portas para abrir caminho.
Operava-se muitas vezes com a porta aberta da sala e observavam-se as cirurgias com uma mão a tapar a boca. Depois de iniciados a coser cabeças nas pequenas cirurgias passávamos a executar as operações mais simples como a apendicite aguda (que chamávamos de “asa de mosca”), hérnias, pequenas amputações etc.). Assim acabávamos preparados para as várias áreas clínicas. Foi assim que apesar de estar a fazer o Internato de uma Especialidade médica (Gastrenterologia) já tinha Currículo cirúrgico. Claro que as cirurgias mais complexas eram executadas por grandes cirurgiões muito experimentados. No 1º andar ficavam o “quarto dos médicos” e o “quarto das médicas” mais graduados - a quem os Internos recorriam quando surgiam os casos graves. Com porta aberta para o “Pátio do Relógio” ficava a sala de jantar com uma mesa comprida com o Chefe de Equipa no topo, a partir do qual, e numa sequência decrescente de hierarquias sentavam-se os restantes médicos. A servir estas verdadeiras “orquestras clínicas” surgiam as “Micas” - nome carinhoso com que designávamos as empregadas da cozinha.
Os Balcões tinham 3 salas exíguas e contíguas onde eram despejados e observados simultaneamente: bêbados, acidentados, histerias, febres, diarreias, etc. Os bêbados eram um problema porque incomodavam os Doentes que mereciam atenção e chegavam a “partir a mobília” quando se apresentavam agressivos. Em geral administrava-se Coramina endovenosa, para os “acordar”, o que lhes provocava crises de espirros, mas havia quem lhes injectasse diuréticos para quando os ébrios aflitos pedissem para urinar dizer-se que não haviam casas de banho, obrigando-os a dirigirem-se para o exterior do Banco e deixando de perturbar o atendimento geral.

O meu amigo Luis Damas Mora (cirurgião ilustre) conta uma história que é paradigmática do ambiente que se vivia no Banco: “Na década de 1960 visitou o Banco de S. José um reputado cirurgião professor em Lyon que ficou “espantado” perante um espectáculo clínico a que nunca tinha assistido de uma desorganização muito bem organizada, a que chamávamos S. Urgência, e perguntou: “- Et les machines?”. Referindo-se a ventiladores que nem existiam ainda em Portugal. “- Pas de machines” responderam-lhe. “- Quel domage! Quel domage!”, lamentou o professor. Mais adiante, ao reparar na grande confusão e promiscuidade, perguntou: “- Et les infeccions? - Ah! Mais cést que nous n´avons pas presque d´infeccions”. Então professor exclamou: “- Je comprends. Cést que les bactéries, eles se mangent les unes les autres”… Mais tarde, porém, ao assistir à abordagem multidisciplinar a um politraumatizado grave em choque, como se tratasse de “um bailado dirigido por um coreógrafo genial” com médicos de várias especialidades e enfermeiros trabalhando intensivamente e simultaneamente vários órgãos e membros do Doente como se tudo estivesse bem ensaiado desde há muito e com enorme qualidade técnica, o professor acabou embasbacado a murmurar: “- Superbe! Superbe!”. Era assim o Banco em S. José: lado a lado, o pior, por vezes inacreditável, e o melhor, por vezes sublime.”

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Alone together

Instituição de acolhimento de Idosos em 1975 em Vila Nova de Ourém

Sinking inside yourself - Hammock

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Apontamentos sobre uma década do Termalismo Caldense II (1999-2008)

Hymn - Vangelis

Em 29/12/98, o M. da Saúde deliberou (na sequência do H. Termal estar contaminado, havia cerca de dois anos, com Pseudomona Aeruginosa, atribuir a empresa externa especializada a resolução desse problema através de contratação desencadeada pela Direcção Geral de Instalações e Equipamentos em Saúde (DGIES). Assim, durante 1999 foram instaladas duas aduções em Polietileno de Alta Densidade (PEAD), ligando o único furo disponível então (AC2) ao H. Termal. A instalação das aduções em PEAD foi pois implementada sob a responsabilidade da DGIES/DRIES que abriu e conduziu o respectivo Concurso.
A empresa apresentou, em Dezembro de 1999, um projecto para a canalização de distribuição no interior do hospital, também em PEAD, mas acabaria por se estabelecer consenso entre a DRIES e o CHCR (e respectivos responsáveis da área termal) de que seria preferível utilizar o Inox-316L com rede paralela para desinfecção com vapor de água a 100º centigrados (atento o facto que possibilitava uma descontaminação a 100%) e dado que o polietileno não suportaria temperaturas muito elevadas sem consequências negativas.
Paralelamente iniciou-se um processo de recuperação das instalações do H. Termal que estando fechado durante cerca de 3 anos apresentava situações com degradação preocupante e a rectificar. Ou seja partíamos não só de um encerramento por contaminação muito longo mas também com a estrutura do H. Termal necessitando intervenções significativas e urgentes. Não por acaso se executou (devidamente orçamentado) e entregou, durante o ano de 2000, ao Ministério da Saúde um pormenorizado Plano de Requalificação do H. Termal. Apesar de relembrado a sucessivas equipas ministeriais nunca se obteve resposta ou a verba elencada para o efeito. Apesar disso o CA foi - consoante as possibilidades - realizando diversas intervenções estruturais de recuperação (desde o telhado até às fachadas do edifício). Nunca considerámos o H. Termal como um parente pobre do H. Distrital. O H. Termal sempre nos mereceu a melhor atenção. Não por acaso tivemos o cuidado de obter o título de Hidrologista após frequência do respectivo curso em Lisboa, para podermos melhor responder perante as necessidades do H. Termal. Não por acaso que coordenavamos um grupo de trabalho específico que integrava todos os responsáveis com actuação sobre a área termal - que reunia frequentemente - para uma melhor vigilância, prevenção, manutenção no H. Termal ou na execução das intervenções necessárias.
Logo desde essa altura solicitámos ao Ministério (através da Direcção Regional de Equipamentos em Saúde do Centro) que fossem colocadas as restantes canalizações de distribuição (R/C e inalações) em inox - 316L tal como determinado pelo próprio Ministério. Não obtivemos a ajuda solicitada. Mas não parámos. Recuperámos (após limpeza) 2 furos antigos em Abril 2003 - após o que aguardámos quase 1 ano pela autorização para a sua utilização - e abrimos uma nova captação (AC3) de água mineral natural (2004).
Foi inaugurado, no antigo Sector de Inalações que se encontrava encerrado, uma nova sala no dia 15 de Maio de 2003, incluindo um sector infantil, permitindo uma maior qualidade (sobretudo em termos de desinfecção) e diversidade dos respectivos tratamentos (sobretudo com um melhor controlo, estabilização, propulsão e micronização da água Termal); Pela 1ª vez foi calculada a Força iónica da Água Termal. Remodelaram-se completamente as Centrais técnicas e as Subestações II e I, bem como todo o sistema de ventilação, tendo sido colocadas válvulas de corte e antiretorno, ao mesmo tempo que lutávamos (2004-2005) contra a 1ª contaminação por Legionella (a única que surgiu nos cerca de 10 anos que cumprimos como Director do CHCR). Foram posteriormente sendo implementadas outras técnicas (Duche de Vichy, Manilúvio e Pedilúvio e Sector de Duches), inaugurámos (2005) um novo  Ginásio de Fisiatria (considerado topo de gama por algumas Entidades) para termalistas, informatizámos os Serviços e modernizámos as antigas enfermarias do último andar do H. Termal.
Adjudicou-se projecto para nova rede de aduções (2005/2006). Após ponderação sobre o local onde deveriam assentar os novos depósitos - que receberiam AMN daquelas aduções, fez-se candidatura para a respectiva obra em 2008 (aceite) a verbas (3.200.000 euros) do Provere para a rede de aduções e respectivo armazenamento (depósitos), e também para um novo balneário do R/C, uma 2ª sala de inalações bem como recuperação do antigo clube de recreio e instalações para uma futura Escola Nacional de Hidrologia Termalismo para a qual tinham sido dados os primeiros passos (já havia acordo com o Instituto de Hidrologia de Lisboa e com a Exº Comissária da Saúde - a quem o M. Saúde tinha cometido o processo). A Reumatologia iniciou actividade no H. Termal. O H. Termal começou a ser referência formativa e foi particularmente gratificante ver os nossos técnicos de Balneoterapia passarem a ministrar cursos, porque lhes era reconhecida competência e mérito. Foi com gosto que assinámos os respectivos Protocolos entre o Hospital e outras Instituições.
Não se descurou também a vertente de investigação e executaram-se vários estudos e investigação essenciais para o H. Termal (Estudos do Perímetro de Protecção da Concessão Termal – que pela 1ª vez via em forma de Lei o estabelecimento daquela protecção; Diagnóstico dos materiais pétreos sob a acção da água termal, Programa de Sondagens de reconhecimento geológico em redor do H. Termal, novos conhecimentos sobre o Aquífero das Caldas e aperfeiçoamento do conhecimento de circulação da água mineral ao longo de todo o aquífero e que viria a traduzir-se em importantes informações – como a inviolabilidade geológica do aquífero e o tempo (cerca de 7 mil anos!) de formação da água termal até à sua chegada ao H. Termal.
Também nunca deixámos de apresentar superiormente propostas para o relançamento do termalismo, como as de Concessão dos Pavilhões e áreas adjacentes em 2003 e em 2005 – esta última com Caderno de Encargos (feito em colaboração técnica com o Dr. Júlio Reis na ARS Centro) entregue em 2007 para aprovação pelo M. Saúde (que o solicitara) e apoiada pelo parecer da Agência Portuguesa para o Investimento e por todos os Poderes e Forças políticas locais - que se manifestaram unanime e favoravelmente durante reunião efectuada no Hospital na presença da ARS. Nunca recebemos, posteriormente, qualquer informação ou parecer do Ministério da Saúde sobre aquele Caderno de Encargos.
Note-se que em 2003 o processo passou ainda pelo Grupo de Missão Parcerias em Saúde onde esteve durante cerca de 2 anos em busca de solução - que acabou por não surgir. Finalmente, em 2008, surgiu mais um dado novo que alterava a equação e, em consequência, o seu resultado: A eminente fusão do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha (CHCR) com os Hospitais de Peniche e Alcobaça – dando origem ao Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON). Propusemos na altura, em consequência da nova equação Institucional, por ofício, uma proposta fundamentada para se estudar (Estudos de Mercado e Viabilidade Económica) a formação eventual de uma Fundação Público-Privada com a integração de múltiplos agentes e Entidades - mormente locais - Públicas e Privadas que também mereceu consenso local.
Conclusão: Ou seja durante cerca de 10 anos foi-se implementando com muito empenho (compensando a escassez de meios) um plano de requalificação progressiva do H. Termal. Quer estrutural quer sobre os equipamentos termais. Sabíamos por onde íamos e o que queríamos. Tudo teve a adequada sequência (p.ex.: só seria lógico implementar a rede de aduções após existir a disponibilidade de todas as captações). Se a Instituição tivesse recebido as verbas do Provere (causa perplexidade o ter acabado por ser considerada não elegível a sua candidatura em 2011 pelos gestores do QREN com argumento de o H.T. pertencer ao SNS e em função de critérios criados, à posteriori, em 2011) teria sido possível avançar na recuperação prevista do HT. Não existiu nem a possibilidade económica nem tempo nem verbas e apoio ministerial. De facto a excessiva rotatividade das respectivas equipas (7 em 10 anos) foi prejudicial ao atendimento das nossas pretensões para implementar tudo o que pretendíamos. É justo, no entanto, reconhecer o excepcional apoio recebido da então Ministra Dra. Belém Roseira - sem o qual não se teria conseguido reabrir o H. Termal em 2000. Mas o CA fez tudo menos o impossível (embora tenha andado perto) face a um constante insuficiente financiamento institucional (atenta a responsabilidade do Ministério da Saúde sobre o parque patrimonial termal existente), e falta de apoio para se executarem todas as intervenções e reabilitações necessárias.
Outras intervenções importantes foram feitas noutras peças da Estância Termal como o Parque, Mata, Igrejas, Pavilhões, etc., que seria fastidioso enumerar agora,  Temos muito orgulho no trabalho realizado quer no H. Termal, quer no H. Distrital (que chegou a ser considerado um dos 10 melhores do País - pela Escola Nacional de S. Pública) pelos CA que dirigi - e que teve como principal factor o mérito e o trabalho dos funcionários do então CHCR, defendendo com um espírito de grande dedicação e empenho, a “causa termal". A causa das Caldas da Rainha.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Comprar e vender


Praça da Fruta em Caldas da Rainha
***
Je suis allé au marché aux oiseaux
Et j'ai acheté des oiseaux
Pour toi
Mon amour
Je suis allé au marché aux fleurs
Et j'ai acheté des fleurs
Pour toi
Mon amour
Je suis allé au marché à la ferraille
Et j'ai acheté des chaînes
De lourdes chaînes
Pour toi
Mon amour
Et je suis allé au marché aux esclaves
Et je t'ai cherchée
Mais je ne t'ai pas trouvée
Mon amour

(Jacques Prevert)

Mon ami la rose - Natasha Atlas

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Crystal Silence

Crystal Silence - Chick Corea and Gary Burton

Sometimes we live a very rare moment in time.
Everything is beautiful. Everything is right.
We have all the time in the world and we sit before a wonderful landscape or seascape.
We feel there´s a new mood for Love rising all around from the crystal clear atmosphere.
Time to understand for the first time the beauty of some moments we have lived.
Only now we realize how important they really were.
So, now we know, we can understand and feel more deeply.
Now we have that special time with ability to create and to enjoy different times, fantastic times…
We can do Magic…
A time also to see also we have only a short time to share this new kind of Love.
We are sitting before the sunset of our life.
It could be a perfect time if we were not alone.