terça-feira, 2 de agosto de 2022

Paisagem campestre com flores amarelas.

Gorseland da Jorum Studio (2022) by Euan McCall. A abertura cítrica com maçãs verdes e as flores amarelas de um campo ainda selvagem trazem-me boas memórias. Dou por mim a recordar os campos da minha adolescência quando depois de regressar da praia de Magoito explorava os terrenos mais a interior. Planícies de tojo (não por acaso há por perto uma localidade chamada Tojeira), malmequeres amarelos e silvas (com amoras deliciosas) que rodeavam um vale com uma ribeira ladeada por macieiras, marmeleiros, limoeiros e laranjeiras. Por entre giestas descia de um pequeno planalto que parecia ter origem no horizonte azul vibrante do céu do meio do dia. O aroma quente de folhas de figueira chegava de longe e o canto das cigarras caía a pique sobre o solo inóspito coberto por plantas rasteiras mas resistentes às condições atmosféricas adversas. Estendiam-se a meus pés como um tapete amarelo exalando um perfume de terra, cardos e camomila. Muitos pássaros cantavam afinados acompanhando a dança de borboletas com cores que já não se encontram. Finalmente deitava-me numa pequena ponte sobre a ribeira de Godigana (já perto da Terrugem) a olhar o céu e os pinhais que se perfilavam nas colinas ao longe. A serenidade e o bem-estar estavam presentes. Hoje este local provavelmente já não existe (tal como as borboletas) asfixiado eventualmente por condomínios industriais.

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