Praia da Foz do Arelho em Agosto de 2009
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Os 2 últimos “posts” motivam-me a escrever algumas reflexões sobre a fotografia “em Branco e Preto”. Para além da Arte fotográfica ter “nascido” a Branco e Preto, constatamos que esta “roupagem” não só resistiu ao aparecimento das "versões coloridas”, em meados do Sec. XX, mas continua a competir com estas em plena era do registo digital. Hoje, as fotos, depois de colhidas a cores nas máquinas digitais actuais, são modificadas para Preto&Branco no pós-processamento. Ao ser neutralizado o impacto da cor, sobressai uma estética assente não só no realce das formas e texturas, mas num modo de “ver”, muito próprio, a luz e os seus contrastes. Em consequência a composição monocromática pode ser mais interpretativa e subtil acerca da realidade. A fotografia documental pode tornar mais profunda a análise da relação entre as coisas e ou as pessoas, desmontando o burlesco e as incongruências de determinadas situações, hábitos ou cultura. A denúncia social e a poesia ficam mais tangíveis. Uma realidade quase “paralela” (na qual mal se repara no dia a dia) pode surgir com novas questões na janela do enquadramento. Simulacros, novos sinais do afrontamento da Natureza pela Humanidade, gentes e paisagens misturam-se de modo diferente no Preto&Branco desvendando um outro lado dos lugares. Não foi por acaso que Cartier Bresson, Sebastião Salgado ou Tony Ray Jones (entre muitos outros) optaram exclusivamente pelo Preto&Branco. Mas atenção! As fotografias não dão respostas. Apenas colocam questões. Será adequada a baliza de futebol ou o barco de “brincar” no meio da paisagem natural das nossas praias? Ou serão antes elementos dissonantes e vestígios do eterno confronto entre o Homem e a Natureza? Que paisagens deixaremos para trás no futuro com ou sem “day after”?
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Retrato em Branco e Preto - Elis Regina
7 comentários:
Uma das minhas musicas..."o que é que eu posso contra o encanto desse amor que eu nego tanto, evito tanto...."
Bj
No Outono, a praia deserta
É um refúgio
Para onde me dirijo...
Procuro alguém no horizonte e
Em cada uma minhas pegadas
Deixo-lhe o trilho do meu encontro
Na orla da espuma que me rodeia.
Em cada sopro da brisa sinto-o...
Em cada murmúrio do mar
Ouço a sua voz...
Em cada raio de sol vejo o seu rosto.
E na areia sinto as suas mãos
que me afagam os pés.
Vislumbro ao longe o barco de madeira
Que outrora me embalou os sonhos,
em doce e promissor ondular
Agora de amarras fixas na areia…
A praia
Repleta de memórias das gentes
E dos verões passados
Nunca se perde
E espera-me sempre de braços abertos
Em chama unida no fim do mar.
FC
Em relação às fotos a P e B, são normalmente as que prefiro esteticamente (nunca me ocorreria colocar fotos a cores na parede por exemplo...e tenho várias a preto e branco :)interessante isso...). Quanto às "questões", tanto a baliza, como o tal barco de "brincar" ou lá o que é... são vestígios efémeros... penso que não devemos temer que sejam deixadas na paisagem para interpretação futura de algum arqueólogo... ou tiraria algumas conclusões precipitadas.. mas não menos verdadeiras sobre o nosso modo de vida :)
beijo
Apreciei,de modo especial,a "roupagem" deste post,black and white,pelas suas notas elucidativas.
Para lhe dar expressão,pela poesia e pela música,excelente escolha,Ellis Regina.
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De lembranças do passado,
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
....
MV
Um Obrigado a: Magnólia pelo comentário musical (o encanto nunca é de evitar...), a FC pela poesia (de sua autoria!) que nos traz, à Eva pelas reflexões "em branco e preto" e a MV pela nota bem humorada e pela força das suas palavras.
Bem hajam
VT
hermoso ByN, mucha calidad en tus paisajes. gracias por tu visita
Gosto de fotografia e particularmente a preto/branco!Esta é linda e está acompanhada por um rico texto.Gosto da praia só com os seus elementos naturais e acho abuminável existir no areal marcos ,balizas e outras tantas tralhas que o homem se lembra de lá colocar a seu belo prazer.
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