quarta-feira, 21 de julho de 2010

White Mushroom

Laurobasidium lauri - Mata das Caldas da Rainha
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Hoje trago um desafio para os (as) visitantes. Um desafio feito cogumelo. Aliás cogumelos. De facto encontrei na Mata das Caldas uma (e única) árvore literalmente “vestida” na base com uma "saia" destes fungos. E o desafio é: ver quem consegue identificar de que espécie são. Pesquisar o nome científico, se é raro ou comestível/venenoso – ou não, etc. Seria interessante saber esses elementos dado que frequento a Mata há cerca de 27 anos e é a primeira vez que os encontro. São de cor esbranquiçada, podem atingir cerca de 20cm e têm formas pouco habituais, mais ou menos ramificadas e semelhantes aos chifres de alce ou a ramos de coral. Têm consistência elástica mas não moles e desprendem um aroma intenso a cogumelo. Vamos ver quem é o (a) primeiro (a) a descobrir.


Strange Form of Life - Bonnie 'Prince' Billy

9 comentários:

Maria Gotte disse...

Haverá muito a dizer sobre este assunto, mas como os meus conhecimentos são verdadeiramente restritos, limito-me a um pequeno comentário! Creio que devido a mudanças climatóricas, tem-se vindo a observar nas últimas decadas um aumento do numero de cogumelos que crescem em árvores (entre outras coisas)! Talvez porque as próprias árvores não estejam em boas condições de saúde e portanto incapazes de oferecer resistência a fungos parasitas que deste modo têm oportunidade de as infectar! Algumas espécies são mais frequentes e consequentemente mais fácilmente reconhecíveis que outras! Receio que este "white mushroom" seja um exemplar pouco vulgar...é pelo menos um que desconheço!! Fiz as minhas investigações e concluí, mais de acordo com a descrição do que própriamente com a imagem, que poderia ser um Calocera Viscosa... mas estes são normalmente amarelos o que implica que estarei muito possívelmente errada!! Fico a aguardar...mas o que é certo é que este "white mushroom" neste enquadramento deu origem a um post muito bonito e elegante!! Os meus parabéns!

São

Anabela disse...

A Micorrização de pinheiros na zona litoral é frequente. É um processo simbiótico altamente rentável para a planta micorrizada. O fungo fornece à planta hospedeira sais minerais que de outra forma ela não obteria porque o solo é pobre e o fungo recebe a glicose que necessita e não consegue produzir por não ser capaz de executar fotossíntese. Plantas micorrizadas podem crescer até mais 3 vezes do que as não micorrizadas.

O exemplar que descreve pode ser comparado às chamadas "vacas louras" só que estas, como o nome indica, são amarelas :)

cristina horta disse...

Seja Calocera Viscosa, ou o nome que o descobridor lhe queira dar, é de uma beleza surpreendente, como se se tratasse de pequenos corpos que nascendo da árvore a querem abraçar e proteger.
Um fenómeno talvez explicavel á luz da biologia, mas um mistério, na sua essência, como um misterioso acasalamento entre duas espécies que se alimentam uma da outra e se confortam uma à outra. Lindissimo e curioso. Parabéns Vasco. Cristina

VT disse...

Sem prejuízo de mais tarde fazer novo comentário (aos comentários) informo que parece ter-se identificado a espécie deste cogumelo. Pode tratar-se do Ramaria gigantea f. tenuispora, fungo muito raro, não comestível, ao que parece encontrado em 3 localizações (1988) na Nova Zelândia e ainda objecto de estudo com datta insuficiente para uma classificação definitiva. Poderá também ser uma espécie similar mas com algumas diferenças (mais branca a da Mata das Caldas da Rainha) e atenta a falta de explicação como viria da N. Zelândia até Portugal...
Ver o link: http://nzfungi.landcareresearch.co.nz/html/data_descriptions.asp?ID=&NAMEPKey=9696
e ainda com fotos:
http://www.hiddenforest.co.nz/fungi/family/ramariaceae/ramar01.htm

Julgo q seria interessante ser observado por um especialista em Micologia...
Bem hajam
VT

VT disse...

Acrescenta-sae que a espécie da N Zelândia referida é descrita como tendo cerca de 5cm de altura quando a que encontrámos atinge os 20cm.
Poderá tb ser outra espécie de Ramaria gigantea a esclarecer...
VT

VT disse...

Depois de exaustiva investigação concluo que a Classificação parece ser a seguinte:
Reino: fungos
Subreino: Dikarya
Phylum: Basidiomycota
Subphylum: Agaricomycotina
Classe: Agaricomycetes
Subclasse: Phallomycetidae
Ordem: Gomphales
Familia: Gomphaceae
Género: Ramaria
Espécie: Desconhecida (?) mas parecida com Ramaria gigantea

Aguardamos na próxima semana a vinda de um Especialista em Micologia para uma classificação mais completa havendo a hipótese de se tratar de uma nova espécie.

Agradeço o entusiasmo (e as palavras elogiando a foto) da São; as palavras correctas desmistificando o papel dos fungos e informando muito bem acerca da simbiose que ocorre (muitas árvores sobrevivem devido a fungos); E as palavras simpáticas e de incentivo da Cristina.
Daremos mais notícias futuramente sobre este fungo.
Bem hajam
VT

VT disse...

Finalmente temos a identificação do fungo feita pela Exª Professora Ireneia Melo - a quem agradecemos toda a atenção dispensada.
Trata-se do Laurobasidium lauri. Pertence ao grupo dos Heterobasidiomicetes e surge em loureiros. Tem sido assinalado na Península Ibérica (em português, chamam-lhe madre do louro) e na Madeira e Açores. Este parasita parece ter propriedades sedativas e analgésicas sendo utilizado na Madeira para diminuir hemorragias uterinas.
VT

Alix disse...

se a arvore em questão não é um loureiro, o fungo não é o Laurobasidium laurii. Será possivel arrnajar-me um "galhinho".
estou a fazer um estudo da composição e aplicações da Madre de Louro da Madeira (aquí é castanho e muito comum) e não encontro nada recente sobre outraas localizações. o meu contacto é castilho@uma.pt. Boas expedições!

VT disse...

Obrigado Alix... mas a árvore é memo um loureiro. Aliás já encontrámos mais loureiros com mais fungos idênticos aqui na Mata. Obrigado pela atenção.
VT