sexta-feira, 16 de julho de 2010

Wild side


Take a walk on the wild side - Lou Reed 

4 comentários:

Submarino Amarelo disse...

OK, Vasco, esta música é um desafio irresistível.

Em 1972 Lou Reed tinha saído há dois anos dos Velvet Underground e a sua carreira a solo necessitava de exposição pública - o LP Transformer (onde esta canção se inclui)foi um sucesso, permitindo a Reed gravar o magnífico Berlin no ano seguinte.

Take A Walk On The Wild Side é obviamente o que todos os travestis e drag queens de Nova Iorque (e não só) dizem aos seus clientes. Como é que a vetusta BBC e as reaccionárias estações de rádio norte-americanas nunca proibiram esta canção é um mistério inexplicável! Mais, exigiram que na introdução ao coro a frase "And the colored girls say" fosse substituída por "And the girls all say" mas nada mais; isto é, pode-se falar de sexo anal mas não se pode dizer que as cantoras são negras...Only in USA.

Além do título, foi também muito controversa a inclusão na letra de personagens reais, que faziam parte da "corte do Rei Warhol" :
-"Little Joe" refere-se a Joe Dallesandero, amante de Warhol e actor em vários dos filmes que ele dirigiu,produziu e apadrinhou.
- Sugar Plum Fairy era a alcunha do também actor gay Joe Campbell.
- "Holly," "Candy," and "Jackie" são as conhecidas Drag Queens Holly Woodlawn, Candy Darling e Jackie Curtis. Todos (todas?) aparecem em "Women In Revolt" (1972), Jackie em "Flesh"(1968) e Holly em "Trash"(1970)onde contracena com Dalessandro.

O advento do Glam Rock, com travestis e gays atraindo fâs homo e heterosexuais, ajudou Reed a assumir mais claramente a sua homosexualidade, embora nunca de uma forma tão stensiva e militante com Elton John, por exemplo.

Tantos anos depois talvez não seja fácil perceber o que Walk On The Wild Side representou em 1972, o gozo transgressor que representava, para Reed e para nós que o ouvíamos.

Anónimo disse...

Quero em primeiro lugar felicitar Heavenly pela simplicidade e profundidade da fotografia e em segundo lugar agradecer a "Submarino Amarelo" a partilha de informação relativa a Lou Reed e ao contexto musical da época, focando abertamente as questões relacionadas com a Homosexualidade e outros comportamentos desviantes.....

Falar de sexualidade e comportamentos relacionados com o sexo, apesar de parecer ser do "dominio" comum, não o é......
A fotografia "sublime" insinua claramente a realidade da prostituição e do caracter "anónimo" (cliente) de quem procura (compra/paga/aluga)os "serviços" do prazer. O corpo "objecto" de prazer e gozo, é aqui encarado como acto mecânico, sem qualquer tipo de relação de proximidade........em que a(o) prostituta(o), não lhe é permitido sentimentos e/ou manifestação de prazer.....

Sabendo que a grande percentagem de "consumidores" destes serviços, são Homens casados...,então poderemos supôr que falar desta questão possa "incomodar" muita gente...que na maioria se diz de mente "aberta" á reflexão....!!!
É claro que tudo isto passa muito por fenómenos mais ou menos complexos de educação e socialização, em que apesar da dita "evolução", tratar o corpo como fonte de prazer e disso falar, ainda é dificil e o "pudor" impõe-se naturalmente............

Como a actividade mais antiga do mundo, vai continuar a existir, com algumas mudanças que todos já temos conhecimento ( prostituição feminina e masculina nas suas diversas formas), o que chama a atenção para questões pertinentes relacionadas com as doenças infecto-contagiosas e os riscos de propagação (uma questão de saude publica, que em Portugal, não está ainda controlada devidamente).

De uma vez por todas deveriamos encarar sexo e sexualidade como fazendo parte da vida humana, (não só como função procriadora) como fonte de conhecimento e prazer, com uma história que a cada um ou aos casais, diz respeito.
Penso que não se trata de timidez, mas mais de desconhecimento/falta de informação e de pudôr em relação ao que ao corpo se refere. Apesar de toda a informação disponivel, ela não é apreendida e muito menos tornada consciente........(de preferencia sem "distorções"

Parabens pelo post!
Foto "carregada" de subjectividade (ou não) em que os tons escuros desfocados teem particular significado (digo eu)
Seria interessante que mais pessoas participassem, mas .....!!!???
Abraço
AC

Anónimo disse...

Ao Submarino Amarelo que li com atenção,parabéns por ter respondido tão cabal e sabiamente ao desafio de comentar o que este tema musical representou e "desafiou" na época.
Ao invés de "ousado",diria que este post aborda a diversidade e a diferença.
Excelente fotografia,pela qualidade em si,e pelo contexto em que se insere no post.

MV

VT disse...

Bom este é um caso especial... De facto há bastante tempo que queria colocar este tema do Lou Reed pela importância que teve na história da música ligeira do Sec. XX (a transgressão pela transgressão)e a única solução, para ilustrar o "ambiente" da letra, foi ir buscar uma foto antiga ainda analógica (com grão) colhida na década de 1970 quando ainda dava os meus primeiros passos na fotografia (interrompidos na década de 1980 e retomados desde 2008). Não se trata de qualquer atitude chauvinista mas tão só ilustrar a prostituição que tanto pode ser masculina e feminina.
Agradeço obviamente os contributos muito importantes do Submarino e de Ac bem como as palavras - que sempre fazem falta - de MV.
Bem hajam
VT