“Whiter Shade Of Pale”, embora assinada por Gary Brooker, líder dos Procol Harum, foi composta realmente por J S Bach: a melodia é da sua “Ária para a 4ª Corda” e o famoso arranjo de órgão é decalcado da “Suite nº 3 em Ré Maior “. O êxito foi tão estrondoso (ainda hoje é um retrato e símbolo do Summer Of Love de 1967) que impediu a extraordinária obra posterior dos Procol Harum de ter a visibilidade e reconhecimento que merecia. (A melodia já tinha sido roubada no ano anterior em “When A Man Loves A Woman”). . Transcrevo a letra, que parece intrigar muita gente, da autoria de Keith Reid, letrista extraordinário, que fazia parte dos Procol Harum mas apenas escrevia poemas, não compunha música nem tocava qualquer instrumento. . We skipped the light fandango turned cartwheels 'cross the floor I was feeling kinda seasick but the crowd called out for more The room was humming harder as the ceiling flew away When we called out for another drink the waiter brought a tray . And so it was that later as the miller told his tale that her face, at first just ghostly, turned a whiter shade of pale . She said, 'There is no reason and the truth is plain to see.' But I wandered through my playing cards and would not let her be one of sixteen vestal virgins who were leaving for the coast and although my eyes were open they might have just as well've been closed . She said, 'I'm home on shore leave,' though in truth we were at sea so I took her by the looking glass and forced her to agree saying, 'You must be the mermaid who took Neptune for a ride.' But she smiled at me so sadly that my anger straightway died . If music be the food of love then laughter is its queen and likewise if behind is in front then dirt in truth is clean My mouth by then like cardboard seemed to slip straight through my head So we crash-dived straightway quickly and attacked the ocean bed . "Whiter Shade Of Pale" é pois sobre uma morte de alguém querido com uma overdose, o tema é obviamente a "sombra branca", a cocaína. (há aqui também referências a Shakespeare e Milton, mas isso levava-nos longe demais). . Espero não ter assombrado com fantasmas as doces recordações da adolescência de todos que idolatram esta canção...
Ondas revoltas que vão e vêm, assim como as recordações de tempos felizes junto ao mar. Recordações de infância, quando puros e inexperientes nos deixávamos envolver nas águas em turbilhão. Recordações da adolescência, quando julgávamos saber tudo e nos atirávamos valentes entre vagas alterosas. Recordações da idade adulta, quando somos mais cautelosos em lançar-mo-nos em correntes aceleradas. Recordações que a melodia nos traz de quando assistíamos ao nosso redor a fandangos e outras danças. Cansados mas exultantes, deixávamo-nos arrastar pelas ondas e vínhamos descansar na areia revolta. Alertas aos sinais, a diversão era desfrutada até ao limite, mas nunca ultrapassado. A canção veio lembrar-me vivências da geração de 60 e, infelizmente, também assisti, muito próximo de mim, ao desenrolar de dramas como a que os Procol Harum cantam, contra as quais tanto debati:
"If music be the food of love then laughter is its queen and likewise if behind is in front then dirt in truth is clean..."
"A whiter shade of pale", uma realidade a que continuamos a assistir. Talvez por isso mesmo, a canção continua a fascinar-me, ao dar-me conta que a tendência para o abismo é por vezes inexorável. É a nossa condição humana...
Brava, Brancura!!! ... do movimento forte das ondas em rebuliço e agitação, a "espuma" branca que se espraia longamente....levando ao temor os mais cautelosos,..., em dias de "tempestade".... Tendo em atenção o significado da melodia, percebemos a lógica e necessidade do "equilibrio" entre diferentes estados, pois que nada é para "o sempre". Uma "agitação" altamente viciante?? Sem duvida, o Mar tem este Poder e nele há formas de "Morrer"...., quem não dançou este slow nas paixões tempestivas (arrebatadoras) da adolescencia??... ..., mais uma vez uma associação complementar perfeita entre imagem e acompanhamento musical, onde todos poderão sentir-se "herois"/"heroinas", nestas ondas, acalmando o embate e evitando o "padecer" de uma "bad trip", que nos confronta com os paradoxos das situações e das proprias palavras e seus significados... ( será que a "moderação" dá o sabor da intenssidade da acção, se calhar não, mas então....,!!!???, - o "risco" é quase obrigatório - ) Interessante Abraço AC
Obrigado Sub pelo excelente contributo sobre o "Caso" "Whiter Shade of Pale". No entanto diga-se de passagem que a letra tem sido alvo de outras interpretações disponíveis na Net e referindo como fonte Keith (ex: Keith ouvira durante uma festa um casal pronunciar a frase: "Whiter Shade of Pale" e que a partir desta foi juntando outras até completar o "puzzle"). Keith aliás que viria a negar a influência de Milton - que jamais lera. Obrigado Tina pelas ondas e recordações que partilhou. Obrigado AC pelas reflexões em banho de espuma que nos trouxe. Bem hajam. VT
4 comentários:
“Whiter Shade Of Pale”, embora assinada por Gary Brooker, líder dos Procol Harum, foi composta realmente por J S Bach: a melodia é da sua “Ária para a 4ª Corda” e o famoso arranjo de órgão é decalcado da “Suite nº 3 em Ré Maior “. O êxito foi tão estrondoso (ainda hoje é um retrato e símbolo do Summer Of Love de 1967) que impediu a extraordinária obra posterior dos Procol Harum de ter a visibilidade e reconhecimento que merecia. (A melodia já tinha sido roubada no ano anterior em “When A Man Loves A Woman”).
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Transcrevo a letra, que parece intrigar muita gente, da autoria de Keith Reid, letrista extraordinário, que fazia parte dos Procol Harum mas apenas escrevia poemas, não compunha música nem tocava qualquer instrumento.
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We skipped the light fandango
turned cartwheels 'cross the floor
I was feeling kinda seasick
but the crowd called out for more
The room was humming harder
as the ceiling flew away
When we called out for another drink
the waiter brought a tray
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And so it was that later
as the miller told his tale
that her face, at first just ghostly,
turned a whiter shade of pale
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She said, 'There is no reason
and the truth is plain to see.'
But I wandered through my playing cards
and would not let her be
one of sixteen vestal virgins
who were leaving for the coast
and although my eyes were open
they might have just as well've been closed
.
She said, 'I'm home on shore leave,'
though in truth we were at sea
so I took her by the looking glass
and forced her to agree
saying, 'You must be the mermaid
who took Neptune for a ride.'
But she smiled at me so sadly
that my anger straightway died
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If music be the food of love
then laughter is its queen
and likewise if behind is in front
then dirt in truth is clean
My mouth by then like cardboard
seemed to slip straight through my head
So we crash-dived straightway quickly
and attacked the ocean bed
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"Whiter Shade Of Pale" é pois sobre uma morte de alguém querido com uma overdose, o tema é obviamente a "sombra branca", a cocaína. (há aqui também referências a Shakespeare e Milton, mas isso levava-nos longe demais).
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Espero não ter assombrado com fantasmas as doces recordações da adolescência de todos que idolatram esta canção...
Ondas revoltas que vão e vêm, assim como as recordações de tempos felizes junto ao mar. Recordações de infância, quando puros e inexperientes nos deixávamos envolver nas águas em turbilhão. Recordações da adolescência, quando julgávamos saber tudo e nos atirávamos valentes entre vagas alterosas. Recordações da idade adulta, quando somos mais cautelosos em lançar-mo-nos em correntes aceleradas. Recordações que a melodia nos traz de quando assistíamos ao nosso redor a fandangos e outras danças. Cansados mas exultantes, deixávamo-nos arrastar pelas ondas e vínhamos descansar na areia revolta. Alertas aos sinais, a diversão era desfrutada até ao limite, mas nunca ultrapassado.
A canção veio lembrar-me vivências da geração de 60 e, infelizmente, também assisti, muito próximo de mim, ao desenrolar de dramas como a que os Procol Harum cantam, contra as quais tanto debati:
"If music be the food of love
then laughter is its queen
and likewise if behind is in front
then dirt in truth is clean..."
"A whiter shade of pale", uma realidade a que continuamos a assistir. Talvez por isso mesmo, a canção continua a fascinar-me, ao dar-me conta que a tendência para o abismo é por vezes inexorável. É a nossa condição humana...
Brava, Brancura!!!
... do movimento forte das ondas em rebuliço e agitação, a "espuma" branca que se espraia longamente....levando ao temor os mais cautelosos,..., em dias de "tempestade"....
Tendo em atenção o significado da melodia, percebemos a lógica e necessidade do "equilibrio" entre diferentes estados, pois que nada é para "o sempre". Uma "agitação" altamente viciante?? Sem duvida, o Mar tem este Poder e nele há formas de "Morrer"...., quem não dançou este slow nas paixões tempestivas (arrebatadoras) da adolescencia??...
..., mais uma vez uma associação complementar perfeita entre imagem e acompanhamento musical, onde todos poderão sentir-se "herois"/"heroinas", nestas ondas, acalmando o embate e evitando o "padecer" de uma "bad trip", que nos confronta com os paradoxos das situações e das proprias palavras e seus significados...
( será que a "moderação" dá o sabor da intenssidade da acção, se calhar não, mas então....,!!!???, - o "risco" é quase obrigatório - )
Interessante
Abraço
AC
Obrigado Sub pelo excelente contributo sobre o "Caso" "Whiter Shade of Pale". No entanto diga-se de passagem que a letra tem sido alvo de outras interpretações disponíveis na Net e referindo como fonte Keith (ex: Keith ouvira durante uma festa um casal pronunciar a frase: "Whiter Shade of Pale" e que a partir desta foi juntando outras até completar o "puzzle"). Keith aliás que viria a negar a influência de Milton - que jamais lera.
Obrigado Tina pelas ondas e recordações que partilhou.
Obrigado AC pelas reflexões em banho de espuma que nos trouxe.
Bem hajam.
VT
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