quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Apontamentos sobre uma década do Termalismo Caldense II (1999-2008)

Hymn - Vangelis

Em 29/12/98, o M. da Saúde deliberou (na sequência do H. Termal estar contaminado, havia cerca de dois anos, com Pseudomona Aeruginosa, atribuir a empresa externa especializada a resolução desse problema através de contratação desencadeada pela Direcção Geral de Instalações e Equipamentos em Saúde (DGIES). Assim, durante 1999 foram instaladas duas aduções em Polietileno de Alta Densidade (PEAD), ligando o único furo disponível então (AC2) ao H. Termal. A instalação das aduções em PEAD foi pois implementada sob a responsabilidade da DGIES/DRIES que abriu e conduziu o respectivo Concurso.
A empresa apresentou, em Dezembro de 1999, um projecto para a canalização de distribuição no interior do hospital, também em PEAD, mas acabaria por se estabelecer consenso entre a DRIES e o CHCR (e respectivos responsáveis da área termal) de que seria preferível utilizar o Inox-316L com rede paralela para desinfecção com vapor de água a 100º centigrados (atento o facto que possibilitava uma descontaminação a 100%) e dado que o polietileno não suportaria temperaturas muito elevadas sem consequências negativas.
Paralelamente iniciou-se um processo de recuperação das instalações do H. Termal que estando fechado durante cerca de 3 anos apresentava situações com degradação preocupante e a rectificar. Ou seja partíamos não só de um encerramento por contaminação muito longo mas também com a estrutura do H. Termal necessitando intervenções significativas e urgentes. Não por acaso se executou (devidamente orçamentado) e entregou, durante o ano de 2000, ao Ministério da Saúde um pormenorizado Plano de Requalificação do H. Termal. Apesar de relembrado a sucessivas equipas ministeriais nunca se obteve resposta ou a verba elencada para o efeito. Apesar disso o CA foi - consoante as possibilidades - realizando diversas intervenções estruturais de recuperação (desde o telhado até às fachadas do edifício). Nunca considerámos o H. Termal como um parente pobre do H. Distrital. O H. Termal sempre nos mereceu a melhor atenção. Não por acaso tivemos o cuidado de obter o título de Hidrologista após frequência do respectivo curso em Lisboa, para podermos melhor responder perante as necessidades do H. Termal. Não por acaso que coordenavamos um grupo de trabalho específico que integrava todos os responsáveis com actuação sobre a área termal - que reunia frequentemente - para uma melhor vigilância, prevenção, manutenção no H. Termal ou na execução das intervenções necessárias.
Logo desde essa altura solicitámos ao Ministério (através da Direcção Regional de Equipamentos em Saúde do Centro) que fossem colocadas as restantes canalizações de distribuição (R/C e inalações) em inox - 316L tal como determinado pelo próprio Ministério. Não obtivemos a ajuda solicitada. Mas não parámos. Recuperámos (após limpeza) 2 furos antigos em Abril 2003 - após o que aguardámos quase 1 ano pela autorização para a sua utilização - e abrimos uma nova captação (AC3) de água mineral natural (2004).
Foi inaugurado, no antigo Sector de Inalações que se encontrava encerrado, uma nova sala no dia 15 de Maio de 2003, incluindo um sector infantil, permitindo uma maior qualidade (sobretudo em termos de desinfecção) e diversidade dos respectivos tratamentos (sobretudo com um melhor controlo, estabilização, propulsão e micronização da água Termal); Pela 1ª vez foi calculada a Força iónica da Água Termal. Remodelaram-se completamente as Centrais técnicas e as Subestações II e I, bem como todo o sistema de ventilação, tendo sido colocadas válvulas de corte e antiretorno, ao mesmo tempo que lutávamos (2004-2005) contra a 1ª contaminação por Legionella (a única que surgiu nos cerca de 10 anos que cumprimos como Director do CHCR). Foram posteriormente sendo implementadas outras técnicas (Duche de Vichy, Manilúvio e Pedilúvio e Sector de Duches), inaugurámos (2005) um novo  Ginásio de Fisiatria (considerado topo de gama por algumas Entidades) para termalistas, informatizámos os Serviços e modernizámos as antigas enfermarias do último andar do H. Termal.
Adjudicou-se projecto para nova rede de aduções (2005/2006). Após ponderação sobre o local onde deveriam assentar os novos depósitos - que receberiam AMN daquelas aduções, fez-se candidatura para a respectiva obra em 2008 (aceite) a verbas (3.200.000 euros) do Provere para a rede de aduções e respectivo armazenamento (depósitos), e também para um novo balneário do R/C, uma 2ª sala de inalações bem como recuperação do antigo clube de recreio e instalações para uma futura Escola Nacional de Hidrologia Termalismo para a qual tinham sido dados os primeiros passos (já havia acordo com o Instituto de Hidrologia de Lisboa e com a Exº Comissária da Saúde - a quem o M. Saúde tinha cometido o processo). A Reumatologia iniciou actividade no H. Termal. O H. Termal começou a ser referência formativa e foi particularmente gratificante ver os nossos técnicos de Balneoterapia passarem a ministrar cursos, porque lhes era reconhecida competência e mérito. Foi com gosto que assinámos os respectivos Protocolos entre o Hospital e outras Instituições.
Não se descurou também a vertente de investigação e executaram-se vários estudos e investigação essenciais para o H. Termal (Estudos do Perímetro de Protecção da Concessão Termal – que pela 1ª vez via em forma de Lei o estabelecimento daquela protecção; Diagnóstico dos materiais pétreos sob a acção da água termal, Programa de Sondagens de reconhecimento geológico em redor do H. Termal, novos conhecimentos sobre o Aquífero das Caldas e aperfeiçoamento do conhecimento de circulação da água mineral ao longo de todo o aquífero e que viria a traduzir-se em importantes informações – como a inviolabilidade geológica do aquífero e o tempo (cerca de 7 mil anos!) de formação da água termal até à sua chegada ao H. Termal.
Também nunca deixámos de apresentar superiormente propostas para o relançamento do termalismo, como as de Concessão dos Pavilhões e áreas adjacentes em 2003 e em 2005 – esta última com Caderno de Encargos (feito em colaboração técnica com o Dr. Júlio Reis na ARS Centro) entregue em 2007 para aprovação pelo M. Saúde (que o solicitara) e apoiada pelo parecer da Agência Portuguesa para o Investimento e por todos os Poderes e Forças políticas locais - que se manifestaram unanime e favoravelmente durante reunião efectuada no Hospital na presença da ARS. Nunca recebemos, posteriormente, qualquer informação ou parecer do Ministério da Saúde sobre aquele Caderno de Encargos.
Note-se que em 2003 o processo passou ainda pelo Grupo de Missão Parcerias em Saúde onde esteve durante cerca de 2 anos em busca de solução - que acabou por não surgir. Finalmente, em 2008, surgiu mais um dado novo que alterava a equação e, em consequência, o seu resultado: A eminente fusão do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha (CHCR) com os Hospitais de Peniche e Alcobaça – dando origem ao Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON). Propusemos na altura, em consequência da nova equação Institucional, por ofício, uma proposta fundamentada para se estudar (Estudos de Mercado e Viabilidade Económica) a formação eventual de uma Fundação Público-Privada com a integração de múltiplos agentes e Entidades - mormente locais - Públicas e Privadas que também mereceu consenso local.
Conclusão: Ou seja durante cerca de 10 anos foi-se implementando com muito empenho (compensando a escassez de meios) um plano de requalificação progressiva do H. Termal. Quer estrutural quer sobre os equipamentos termais. Sabíamos por onde íamos e o que queríamos. Tudo teve a adequada sequência (p.ex.: só seria lógico implementar a rede de aduções após existir a disponibilidade de todas as captações). Se a Instituição tivesse recebido as verbas do Provere (causa perplexidade o ter acabado por ser considerada não elegível a sua candidatura em 2011 pelos gestores do QREN com argumento de o H.T. pertencer ao SNS e em função de critérios criados, à posteriori, em 2011) teria sido possível avançar na recuperação prevista do HT. Não existiu nem a possibilidade económica nem tempo nem verbas e apoio ministerial. De facto a excessiva rotatividade das respectivas equipas (7 em 10 anos) foi prejudicial ao atendimento das nossas pretensões para implementar tudo o que pretendíamos. É justo, no entanto, reconhecer o excepcional apoio recebido da então Ministra Dra. Belém Roseira - sem o qual não se teria conseguido reabrir o H. Termal em 2000. Mas o CA fez tudo menos o impossível (embora tenha andado perto) face a um constante insuficiente financiamento institucional (atenta a responsabilidade do Ministério da Saúde sobre o parque patrimonial termal existente), e falta de apoio para se executarem todas as intervenções e reabilitações necessárias.
Outras intervenções importantes foram feitas noutras peças da Estância Termal como o Parque, Mata, Igrejas, Pavilhões, etc., que seria fastidioso enumerar agora,  Temos muito orgulho no trabalho realizado quer no H. Termal, quer no H. Distrital (que chegou a ser considerado um dos 10 melhores do País - pela Escola Nacional de S. Pública) pelos CA que dirigi - e que teve como principal factor o mérito e o trabalho dos funcionários do então CHCR, defendendo com um espírito de grande dedicação e empenho, a “causa termal". A causa das Caldas da Rainha.

2 comentários:

Anónimo disse...

Linda perspetiva, bem conseguida!
Ernestina Santos

Anónimo disse...

Muito bom, gosto do pormenor bem conseguido,da envolvencia e tbém. da opção p&b...abraço !!
Virgilio Aleixo