Detalhe do Hospital de Sº António dos Capuchos em 1976
Tears - Headsrong and Stine Grove
Tears - Headsrong and Stine Grove
Tendo como ponto de partida a
herança vinda do antigo Hospital de Todos os Santos, três grandes nomes da Medicina
Portuguesa lançaram as fundações de uma grande Escola Médico-Cirúrgica nos antigos
Hospitais Civis de Lisboa (HCL): Pulido Valente, Reinaldo dos Santos e o Prof. Wohlwill
(Anatomia Patológica). Segue-se toda uma geração dos seus discípulos mais
brilhantes (Fernando da Fonseca, José Gentil, Celestino da Costa, Cascão de
Anciães, etc.) que consolidam o edifício da grande Escola Médico-Cirúrgica dos
HCL - que viria a atingir o seu apogeu em meados do século XX.
Uma das vertentes mais
importantes e célebres desta escola eram os Concursos quer de acesso quer para
progressão na Carreira Médica. Era quase lendária a sua grande dificuldade e o
prestígio inerente daqueles que ultrapassavam aquelas provas com êxito.
Raramente se “passava” na 1ª tentativa. Muitos médicos submetiam-se a tais “torneios
de cavalaria científica” (nome com que foram baptisados por René Lariche -
prestigiado cirurgião de Estrasburgo), procurando a aura de prestígio de ter
ficado aprovado nos Concursos dos HCL - antes de enveredarem por uma carreira
noutros Hospitais ou na Faculdade de Medicina de Lisboa (no H. Sª Maria) ou
ainda para aproveitarem essa mais-valia conquistada arduamente para inscreverem
na tabuleta à porta dos seus consultórios particulares as 3 letras mágicas:
HCL. Consultórios de prestígio anunciavam, daquele modo: Ex Interno
dos HCL, Médico dos HCL, etc.
Estes Concursos plenos de
exigência (sobre os quais existem inúmeras histórias plenas de humor ou de
dramatismo) filtravam assim a Qualidade clínica que vinha ao de cima como a “nata”
da Medicina Portuguesa. Escolhiam-se os melhores entre os melhores. Eram, em
conjunto com as Carreiras Médicas, uma das “pedras de toque” do espírito dos
HCL e do seu Património Científico. Duravam várias semanas empolgantes, onde
assistíamos a situações com grande polémica e eram vistos, por vezes, por uma
assistência muito numerosa que mal cabia nas salas solenes e que era composta por
colegas que “torciam” pelo seu candidato favorito ou amigo, e por famílias da
elite lisboeta da altura - quando eram mais mediáticas porque estavam em causa
nomes sonantes ou com “pedigree”,- onde não era raro verem-se senhoras de chapéu e vestido de cerimónia ,com flores no regaço, sentadas na 1ª fila.
Para além das provas clínicas
escritas (após observação de 2 Doentes - durante o tempo limite de 3 horas) e
sua leitura com interrogatório subsequente, existiam provas teóricas com
interrogatório (Júris de 5 elementos) e outras em que as mais difíceis eram a “prova
de caras” (em frente de todo o Júri eram observados 2 Doentes com 1 hora para
observação e outra para exposição) e a terrível prova de cadáver. O facilitismo progressivo que
progressivamente se veio a instalar nos Concursos dos HCL, a partir do final da
década de 1970 e início da década de 1980, e as alterações nas Carreiras
Médicas foram as 2 “machadadas” finais na alma da Escola dos HCL.
3 comentários:
Muito bom este p&b...
Virgilio Photografia
Excelente apontamento, com a particularidade das crianças no recanto das escadas!
Isabel Eleutério
Bonita foto.
Maria Teresa David Marques
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