Sem procurar “falar de cátedra” mas antes com espírito de partilha aqui vão algumas dicas sobre Fotografia de Rua. São uma pequena compilação daquilo que a minha experiência me foi trazendo e dos conselhos de grandes fotógrafos que fui lendo.
- Ande sempre com uma câmara,
caminhe muito e aproveite o acaso. Os milagres diários estão à sua espera.
- Não tenha planos
pré-concebidos rígidos (tempo e trajecto) quando sair para fotografar. Pode
sair com um plano A mas aceite facilmente mudar para um plano B que pode
incluir errar pelas ruas ao acaso. A paciência e o saber esperar são
imprescindíveis.
- Não se preocupe com a
definição de "fotografia de rua" e fotografe regularmente.
- Veja oportunidades para
fotos em tudo o que o rodeia. No entanto seja muito selectivo e fotografe
apenas aquilo que lhe parece fazer a diferença. Evite as fotos que são
claramente um não assunto. O mundo já está cheio de “lixo” fotográfico (ex.
fotografar as refeições – que são sobretudo para saborear em paz e alegria).
Uma boa regra em fotografia de rua é seleccionar apenas um a cinco por cento das foto
realizadas.
- Viva apaixonado pela
fotografia – sem restrições e mantenha-se focado em cada imagem que está a
fazer.
- Depois de olhar volte a olhar
novamente. Visite os mesmos locais descobrindo novas oportunidades (luz,
motivos, etc.).
- Saiba que muitas grandes
fotografias ainda não foram fotografadas (o mundo está cheio de oportunidades).
A beleza está em toda parte.
- Faça as imagens para agradar
a si próprio e não procure comparar o seu trabalho com o dos outros. Não se
deixe impressionar por falsos elogios e bajulações nem por subavaliações
intencionais que satisfazem apenas estratégias pessoais dos seus autores. Distinga
os verdadeiros amigos dos “vendilhões do templo”. Ou seja, procure praticar a
autocrítica e procure Verdade. A sua! As suas fotos falarão por si.
- Consciencialize-se que construir
um estilo próprio leva muito tempo. Sem negar todas as influências que teve
seja genuíno e não procure a imitação bacoca.
- Tente criar uma grande obra
(fazer cada imagem como se fosse para um portefólio importante – o seu) e
fotografe cada foto como se fosse a última.
- Encontre inspiração em
campos diferentes da Arte fotográfica. Procure não “cristalizar” numa só
modalidade. Tente funcionar “out of the box” e não vá em carneiradas
fotográficas.
- Não seja um escravo da
técnica fotográfica - que não se deve sobrepor ao estilo, à emoção e á
sensibilidade estética. O meio de fotografar não é tão importante quanto a
própria imagem. Concentre-se na “alma” da imagem e não tanto nos detalhes
técnicos. Quando apreciar uma foto não pergunte “como” mas antes “porquê?”. Há
diferenças entre um piano e uma sonata.
- Em retratos de rua não
aponte a câmara directamente às pessoas olhando pelo visor – excepto se foi
combinada “pose”. Assusta-as e incomoda-as – e muitas vezes desencadeia hostilidades
imprevisíveis. Converse antes descontraidamente com as pessoas olhando-as nos
olhos enquanto dispara a máquina que mantém ao nível do peito ou da cintura. E o mais próximo possível da pessoa
fotografada. Não peça para as pessoas sorrirem. Evite sorrisos postiços,
estereotipados e idiotas nas suas fotos. Fotografe antes expressões genuínas.
Seja honesto para consigo próprio e para com o fotografado. Procure sempre
enquadrar três planos conferindo profundidade às imagens mas evitando as sobreposições
de motivos.
- Não proceda rigidamente e
deixe-se levar pela corrente dos acontecimentos.
- Se fotografar P&B pense
e veja em P&B e se fotografar a cores considere a luz / hora do dia e os
contrastes cromáticos. Pense o que a cor ou o P&B podem fazer pelas
mensagens das imagens.
- Solicite sempre autorização
para publicar fotos de alguém – antes ou após fazer as fotografias – e mostre
as imagens obtidas. Muitas vezes ganha nova oportunidade de fotografar já com
um ambiente mais descontraído. O respeito recíproco faz milagres.
- Diga às pessoas que pretende
fazer um grande retrato em vez de “tirar uma foto”.
- Leia muitos livros bons
sobre Fotografia de Rua (Magnum Contact Sheets; Dan Winters; Alex Webb; Robert
Frank; Martin Parr; Trent Park; Joseph Koudelka, etc) e veja muitas fotos dos
grandes autores.
- Desafie as regras e procure
sempre evoluir transformando progressivamente o olhar fotográfico. A
criatividade, uma boa narrativa uma atmosfera especial e o “mistério” numa foto
não convencional podem ter uma força muito grande. Maior do que os
enquadramentos “do costume”.
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