Uma foto cujo preto/branco confere uma grande imponência à Lagoa. Na imagem, a figura solitária do pescador é diminuta face à vastidão do mar encapelado em tons escuros, mais acentuada pela silhueta negra do Gronho na mesma linha de continuidade, o que lhe confere uma maior fragilidade. A imensidão do céu, nublado e escuro em primeiro plano, prolonga-se até à linha do horizonte em tons mais claros, lembrando a luta do pescador na sua faina diária num espaço ainda mais vasto. O extenso areal onde ele caminha, vergado pelo cansaço do final do dia, também contribui para lembrar a tarefa dura da pesca. Mas é aqui onde se encontra o seu porto seguro. A nostalgia do "Fisherman's Blues" faz sonhar em quebrar os laços com a terra firme numa viagem sem regresso, esquecendo liricamente as agruras que o pescador também enfrenta a sua vida:
"I wish I was a fisherman tumblin' on the seas far away from dry land and it's bitter memories castin' out my sweet line with abandonment and love no ceiling bearin' down on me save the starry sky above with light in my head with you in my arms..."
Contudo, julgo que ao pescador terá chegado o eco dos famosos versos de Almeida Garrett: "Não vês que a última estrela No céu nublado se vela? Colhe a vela, Oh pescador!"
...no conjunto destas linhas horizontais paralelas que se destacam pela variedade dos tons, passando pelos brancos das pequenas ondas e os cinzas claros das nuvens,..., destaca-se me em forma de quase "desequilibrio" a figura humana e sua cana de pesca (perpendiculares) a quase todo o cenário, dirigindo-se ao ponto de confluencia de uma grande linha obliqua (que representa uma linha de agua, tenua, resultante da descida do mar...) e que o orienta para a lagoa, um possivel ponto de chegada,...., apesar da tranquilidade que inspira a foto no seu conjunto, sinto que a figura humana, representa aqui um "equilibrio instavel" . uma certa tensão, talvez sugerido pelo acompanhamento musical, como oposição, ao desejo de resolução de um mau estar (geral)..., uma procura de respostas.....
Gosto especialmente da linha que (quase) divide um mar em dois, servindo de canal de ligação á lagoa, dividindo o areal de forma muito subtil, assim como a presença imponentemente tranquilizadora do gronho. Abraço AC
Obrigado Henrik pelo incentivo. Obrigado Tina pelo contributo das palavras e do poema. Obrigado AC pela análise e interpretação do "post". A opção pelo Preto e Branco realça mais a relação da "pequenez" da figura humana perante as "forças" e dos grandes espaços da Natureza - nos quais ele busca e luta por sustento. Neste caso em fase de regresso após a labuta - em direcção aos braços de alguém que espera (?)... Bem hajam VT Bem hajam VT
4 comentários:
Muito bom. Tanto a música como o foto. =)
Uma foto cujo preto/branco confere uma grande imponência à Lagoa. Na imagem, a figura solitária do pescador é diminuta face à vastidão do mar encapelado em tons escuros, mais acentuada pela silhueta negra do Gronho na mesma linha de continuidade, o que lhe confere uma maior fragilidade.
A imensidão do céu, nublado e escuro em primeiro plano, prolonga-se até à linha do horizonte em tons mais claros, lembrando a luta do pescador na sua faina diária num espaço ainda mais vasto.
O extenso areal onde ele caminha, vergado pelo cansaço do final do dia, também contribui para lembrar a tarefa dura da pesca. Mas é aqui onde se encontra o seu porto seguro.
A nostalgia do "Fisherman's Blues" faz sonhar em quebrar os laços com a terra firme numa viagem sem regresso, esquecendo liricamente as agruras que o pescador também enfrenta a sua vida:
"I wish I was a fisherman
tumblin' on the seas
far away from dry land
and it's bitter memories
castin' out my sweet line
with abandonment and love
no ceiling bearin' down on me
save the starry sky above
with light in my head
with you in my arms..."
Contudo, julgo que ao pescador terá chegado o eco dos famosos versos de Almeida Garrett:
"Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Oh pescador!"
...no conjunto destas linhas horizontais paralelas que se destacam pela variedade dos tons, passando pelos brancos das pequenas ondas e os cinzas claros das nuvens,..., destaca-se me em forma de quase "desequilibrio" a figura humana e sua cana de pesca (perpendiculares) a quase todo o cenário, dirigindo-se ao ponto de confluencia de uma grande linha obliqua (que representa uma linha de agua, tenua, resultante da descida do mar...) e que o orienta para a lagoa, um possivel ponto de chegada,...., apesar da tranquilidade que inspira a foto no seu conjunto, sinto que a figura humana, representa aqui um "equilibrio instavel" . uma certa tensão, talvez sugerido pelo acompanhamento musical, como oposição, ao desejo de resolução de um mau estar (geral)..., uma procura de respostas.....
Gosto especialmente da linha que (quase) divide um mar em dois, servindo de canal de ligação á lagoa, dividindo o areal de forma muito subtil, assim como a presença imponentemente tranquilizadora do gronho.
Abraço
AC
Obrigado Henrik pelo incentivo.
Obrigado Tina pelo contributo das palavras e do poema.
Obrigado AC pela análise e interpretação do "post".
A opção pelo Preto e Branco realça mais a relação da "pequenez" da figura humana perante as "forças" e dos grandes espaços da Natureza - nos quais ele busca e luta por sustento. Neste caso em fase de regresso após a labuta - em direcção aos braços de alguém que espera (?)...
Bem hajam
VT
Bem hajam
VT
Enviar um comentário