sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O rio e a lagoa

O rio "sem nome" que se forma logo após a junção dos rios Arnoia e Real
. O rio mais perto do sul da Lagoa de Óbidos . Margem do rio, quase junto à sua foz, em terrenos pantanosos e de sapal. Para além do lixo observam-se condutas que procuram conduzir as escorrrências das margens do rio quando as águas sobem. . Finalmente a foz do rio "sem nome" desaguando na Lagoa de Óbidos. À esquerda fica a entrada do braço do Bom Sucesso e à direita a do Braço da Barrosa. Ao longe numa língua de lodo e areia um bando de aves e um depósito de detritos.
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The River-Bruce Springsteen
 

O rio sem nome que se forma após a junção dos rios Arnoia e Real (ver “post” de 1 de Dezembro de 2010) serpenteia ao longo de alguns quilómetros pelas terras circunvizinhas, passa por uma zona de sapal e pantanosa – por onde se estende quando sobe o seu caudal – e termina numa pequena Foz (repleta de detritos e de bandos de aves), a sul da Lagoa de Óbidos, entre os Braços do Bom Sucesso e da Barrosa. Este rio representa a escorrência mais importante de água não marinha para a Lagoa (importante para muitas das espécies habitantes) e como tal merece uma atenção especial. O assoreamento tem sido progressivo devido à erosão crescente dos terrenos adjacentes e à falta de limpeza. É notória a quantidade de lixo não reciclável (mormente garrafas de plástico) que a mão humana deixa ou atira para a Lagoa. Seria adequado organizar uma “operação limpeza” das margens da Lagoa - como se tem feito em muitas praias – coordenada pelas autarquias de Óbidos e das Caldas, bem como uma dragagem desta zona. Deveria ainda ser instituída/formalizada a proibição de lançar lixo para a Lagoa, devidamente sinalizada e divulgada, com consequências negativas e significativas para os infractores.

5 comentários:

Submarino Amarelo disse...

Vem sem dúvida bem a propósito desta denúncia de um triste laxismo à volta deste rio a publicação de The River, uma das mais negras canções do Boss, em que ele aborda a recessão e os duros tempos vividos pelos trabalhadores americanos na era de Reagan.

Apesar da crise económica temos um património a preservar e a Lagoa de Óbidos é certamente prioritária. Os detritos e o lixo não são o retrato da lagoa, mas de uma certa forma de estar que se tornou inaceitável.

Belas imagens.
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Anónimo disse...

...lamentavelmente continuam as atitudes indesejadas, que não respeitam a natureza - não é por ser um rio "sem nome", mas por existirem pessoas "não identificadas" que em qualquer lugar, mostram o des-respeito por si proprio, por tudo e todos......

...conheço a lagôa há cerca de 20 anos e desde essa altura lembro de muitas vezes apanhar lixo que não era meu, depositando-o em local destinado para o efeito...
Enfim, vale-nos as imagens positivas que guardamos e nos alimenta na defesa dos espaços e momentos, apesar das alterações...., enquanto o rio sem nome continuará a correr ao encontro da Lagôa que por sua vez se encontrará com o mar que naturalmente nos devolverá,....,até quando (???).
Abraço
AC

Tina disse...

Bela reportagem fotográfica, bem completada pela descrição exaustiva sobre a junção dos rios Arnoia e Real e a travessia de terras até desaguar na foz a sul da Lagoa de Óbidos. Incrível como o panorama mudou desde que estive na Lagoa pela primeira vez, há uns 33 anos! Não se registava então esta situação de desleixo, cuja responsabilidade é das autarquias locais, em primeiro lugar, mas também da população que deveria dar um passo em frente na defesa deste património tão valioso. Espero que esta reportagem chegue ao conhecimento dos que podem dar uma mão na divulgação do estado de abandono a que chegaram as margens da Lagoa de Óbidos.
A escolha da música é, como sempre, bem adequada ao tema, pelo que adapto os versos cantados por Bruce Springsteen à chamada de atenção desta reportagem, desejando que a Lagoa seja defendida do assoreamento progressivo para que não desapareça como fumo em recordações:

"Now those memories come back to haunt me, they haunt me like a curse
Is a dream a lie if it don't come true
Or is it something worse that sends me
Down to the river..."

Parabéns, Vasco, por este trabalho valioso! Vou partilhar, com a tua licença, o link do blogue.

Anónimo disse...

Deixa-me ser o que sou,
O que sempre fui,
um rio que vai fluindo
Em vão, em minhas margens
cantarão as horas

Me recamarei de estrelas
como um manto real
Me bordarei de nuvens e de asas,
Às vezes virão a mim as crianças banhar-se...

Um espelho não guarda as coisas reflectidas!
E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
As imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar, cantar...
Toda a tristeza dos rios
É não poder parar !

Mário Quintana

Bonitas as fotos ! Um apelo à intervenção urgente das entidades competentes neste bem precioso.
O retrato do Zé Povinho numa das suas piores facetas, desleixado, inimigo da natureza, indiferente ao bem comum, apologista dos direitos e alheio aos seus deveres. Bom Post!

FC

VT disse...

Obrigado Submarino pelo contributo/esclarecimento musical (q foi aliás determinante na escolha da canção) e pelo apoio à causa da protecção da Lagoa.
Obrigado AC, FC e Tina pelo Vosso "militantismo" e apoio (e poesia) em defesa da Lagoa e pelas palavras de simpatia e incitamento.
De facto este post já teve algum eco no jornal Gazeta das Caldas do dia 25 de Fevereiro de 2011. Para além de citarem o nosso apelo fazem a reportagem de grandes quantidades de lixo (cadeiras, pneus, televisões, etc) depositados ao longo dos últimos meses junto ao braço da Barrosa - que demorará cerca 1 mês a remover pelas autoridades. No entanto, e independentemente deste caso, há todas as restantes margens da Lagoa que estão "invadidas" por diversos tipos de detritos e que poderiam ser alvo da tal "operação limpeza". Voluntários (as) não faltarão.
Bem hajam
Vt