sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O Estudo do ISCTE-IUL (2011) sobre O Relançamento do Termalismo Caldense

Detalhe da frontaria dos Pavilhões do Parque das Caldas da Rainha

Temple Of Silence - Deuter

O Estudo do ISCTE-IUL (2011) sobre O Termalismo Caldense
Dispensando uma análise sobre aspectos formais ou de consistência/fundamentação de afirmações ou conceitos incluídos no estudo supracitado, apresentado há dias, e no essencial, verificamos:
O estudo em apreço faz uma “revisão da matéria dada” enunciando tudo o que já se conhece e foi estudado sobre o assunto, apresentando vários cenários, sobretudo condicionados pela actual crise económica, privilegiando no entanto uma proposta faseada de criação de um modelo de gestão autónoma que seria constituído pelo CHON, Câmara Municipal e Promotor Privado a encontrar referindo que “Este modelo não contraria, antes apoia, o fim último da Fundação Publico / Privada” na qual cabem, aliás, todas as acções e posicionamento do Projecto integrado proposto.
O estudo alerta para a natureza do terreno onde assentam os Pavilhões como um factor que poderá contribuir para a derrocada daqueles edifícios sem especificar porquê, o que permite a interrogação de existir – ou não – qualquer problema desconhecido que poderá afectar a implantação de nova construção no mesmo local. Sendo os Pavilhões uma peça decisiva em todo o processo (para instalação de empreendimento multiusos por Promotor Privado) será essencial conhecer a realidade do terreno através de estudo geológico. “First things first”. Estamos, no entanto, convencidos que não existirá qualquer contra-indicação que impeça a construção no local dos Pavilhões.
Quando o estudo aborda a parceria para o Parque e a Mata com o Município não fica claro se propõe que o Município participe como parte ou se assume a 100% aqueles espaços, quando afirma: “estabelecer um acordo global com o Município das Caldas da Rainha, sobre a integração da Mata e do Parque na Cidade e a utilização / valorização de outros elementos do Património pelo Município”… “o Município decide estabelecer um acordo global com o Estado, para integrar a Mata e o Parque na Cidade”. De notar que quer o Hospital quer a Câmara são Instituições do Estado. Portanto é confuso referir um acordo entre Estado e Câmara já que esta é também Estado. O Património pertence ao Estado e este através da Direcção Geral do Tesouro (Ministério das Finanças) pode - desde que exista fundamentação que o justifique - afectar determinado património a esta ou aquela entidade. Por outro lado é praticamente um dado adquirido que não é útil substituir Estado por Estado – a não ser que seja “melhor” Estado, sem esquecermos que quer o Hospital quer a Câmara recebem do mesmo Orçamento de Estado. Isto é, o Estudo em apreço propõe que a D. G. Tesouro afecte o Parque e a Mata (com aquífero no subsolo e respectivas captações) à Câmara? Se assim for discordamos. Em nosso entender devem continuar a ser utilizados quer pelos termalistas quer pelos munícipes. Foram criados para serem usufruídos pelos aquistas num conceito, ainda actual, de bem-estar inerente ao termalismo. Logo quem gere a vertente termal não pode deixar de ter uma palavra a dizer sobre terrenos vitais para o aquífero termal, e ainda sobre a organização daqueles espaços verdes, já que o factor serenidade paisagística no “environment” termal é essencial. Ou seja, vemos aqui como solução mais adequada o estabelecimento imediato de um “Protocolo de Gestão conjunta” para o Parque das Caldas, entre o Centro Hospitalar e a Câmara - com regras bem definidas que evite eventuais intervenções desajustadas, no futuro.
Não podemos esquecer também que o Parque integra os já supracitados Pavilhões que acabam por integrar, na proposta do ISCTE, um Projecto multiusos (usos esses nunca especificados pelo documento do ISCTE) em conjunto com a antiga Casa da Cultura e com novas edificações residenciais (com possibilidade de venda para utilização exclusiva!) e novo balneário – através de Concessão com o Promotor privado. O estudo admite 2 fases em 2 áreas contíguas, sendo eventualmente recuperado em 1º lugar o edificado existente. Julgo que seria mais correcto, caso venha a existir, um Projecto integrando uma visão global em toda a área implicada e que coincide, na prática coma faixa de terreno situado a nascente do Parque D. Carlos I (Pavilhões, Antigo Clube de Recreio e Parada). Ou seja uma só lógica e coerência arquitectónica e funcional em todo o espaço a concessionar. A solução arquitectónica deveria conciliar, sobretudo no caso dos Pavilhões e antigo Clube de Recreio, do melhor modo possível, uma marca arquitectónica importante do Passado legando outra igualmente significativa para o Futuro. No entanto, salvo melhor opinião, choca-me que seja desde já definida, sem o suporte aparente de um estudo de mercado ou de viabilidade económica, a construção de 120 alojamentos (T1 e T2) no Parque – dando a impressão de se apostar numa espécie de “invasão" do Parque, por tecido urbano, alterando a paisagem que sempre o caracterizou. Se vier a existir um estudo de mercado e de viabilidade económica que aponte naquele sentido - então seria mais adequado que o caderno de encargos dessa Concessão eventual, apontasse a construção daqueles alojamentos na faixa de terreno junto do antigo pinhal de Santo Isidoro, também afecto ao Hospital, junto a uma zona onde já existem moradias. Será afinal desejável um modelo com soluções arquitectónicas eventualmente arrojadas e permitindo, simultaneamente, a sustentabilidade financeira mas sem destruir valores patrimoniais essenciais definidos à partida.

1 comentário:

Anónimo disse...

Conheço estes edificios, ( há decadas ) e conheço a sensação de profunda tranquilidade que transmitem, num simples passear em redor deles.

Sinto a nostalgia de um passado que quase se restringe a isso mesmo..., sinto quase um estado de "turpor" ou mesmo coma profundo ( induzido ), onde alguns resistem e insistem na defesa da vida e outros ( de forma mais ou menos obscura ) defendem interesses muito particulares ( que poderão não visar o interesse e bem-estar do cidadão comum ... ).
Num Estado que sabemos cada vez menos Estado Social, não será dificil perceber que estas situações/impasses, possam reverter a des-favor do Bem-Estar na Saude ( conceito geral )!!!
Assim, perante a demissão dos cidadãos ( mutismo ou silencio prelongado/abstenção comoda - com a falta de discussão de ideias e projectos ), mais facilmente o Estado demitir-se-á, podendo vir a inaugurar uma nova fase do Termalismo, com toda a pompa e circunstancia, camuflando reais interesses sobre a questão da "rentabilidade" - ou não - dos mesmos projectos.
Não queria relacionar assim, mas dada a inexistencia de "reacções" ao post, esta "Cruz", poderá simbolizar a "perda"/"morte", resultante de um "Coma Social profundo" ...

Com algum esforço poderemos no entanto dar voz á "esperança" de que no fim da batalha travada ( entre vida e morte ), surja uma nova vida, uma especie de "Ressurreição" que manterá as estruturas de base funcionais, alterando apenas algumas formas de estar, sem prejuizo maior para todos aqueles que possam vir a necessitar dos seus serviços ...( um Termalismo acessivel a todos que dele possam vir a necessitar e um "Não" ao Termalismo de elite, só para quem dele "possa" - economicamente falando - beneficiar ...
Re-Invente-se o Termalismo das Caldas da Rainha!!!
Agradeço toda a informação prestada assim como o empenho notorio, numa Causa que é, por principio, Colectiva !!!
Abraço
AC