quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Raining again

A chuva escreve a paisagem impressionista da minha tarde na vidraça do pensamento numa intimidade silenciosa como se escutasse ainda os sonhos da adolescência ao ritmo das gotas a escorrerem pela janela da saudade
.
Rhythm Of the Rain (1962/63 original version) - The Cascades

7 comentários:

Anónimo disse...

Sublime!
IM

Anónimo disse...

...gosto do aspecto desfocado, que a chuva dá ao bater e escorrer na vidraça,.., desde criança, lembro de ficar a observar o fenómeno sem nunca perceber muito bem,...,( na tentativa de ver melhor aproximava-me, quase me colava ao vidro e aí acontecia a névoa branca opaca no resultado da respiração, que logo era aproveitada para desenhos e novas experimentações.......), se calhar e não por acaso, um pouco o que acontece com as lembranças/saudades - "desfocadas" por um "tempo", que sabe sempre bem de alguma forma "buscar",...........
....., na foto parece-me ver um pinheiro enfeitado rodeado de "presentes" embrulhados em côr, fazendo lembrar épocas festivas onde a familia e todos os afectos teem lugar....,(...)...
Parabens pela excelência das associações feitas ( o texto criado e a melodia escolhida - uma "Delícia" - ).
Abraço
AC

Tina disse...

Vejo com nitidez as imagens da minha infância quando a chuva caía nas ruas da minha terra natal. Imagens de crianças que corriam felizes para banhar-se na doce água que embelezava num instante em "verde que te quiero verde" a terra ressequida e que nós festejávamos aos risos em banhos debaixo das bicas que se formavam a partir dos telhados já preparados para esta festa ruidosa. Vejo ainda os adultos que não resistiam a juntar-se-nos, como o meu pai que ria feliz da vida saltando connosco e que depois, quando era inevitável regressarmos para dentro de casa, ia encher um jarro com água da chuva e lhe juntava jasmins, que nos deitava em seguida nas nossas cabeças para nos perfumar com a benção da chuva e da natureza.
E bem nítida é esta imagem minimalista, que mostra a beleza do pormenor da vidraça e das gotas escorrendo em catadupa de cima abaixo e revela as plantas lá fora, em miríade de cores claras e escuras, em ritmo cadenciado que a melodia sugestiva empresta. Um breve trovão que respira no início e a música desperta docemente a intimidade que esta janela da saudade me trouxe.
Parabéns, Vasco, por esta foto tão criativa e pela sensibilidade que emprestas aos que aqui vêm admirar estas autênticas obras de arte!

Lasse disse...

Wonderful - and a beautiful blog as well !!

Submarino Amarelo disse...

John Gummoe, um dos membros do grupo, compôs esta canção para os Cascades, coisa pouco habitual na época (1962). Um arranjo irrepreensível dá-nos uma sensação de frescura e cristalinidade que as vozes servem de forma perfeita.
Ouçam o ritmo da chuva, no som e na imagem.

VT disse...

Obrigado IM pela generosidade.
Obrigado AC pelo elogio e pela bela descrição que faz da sensação que todos nós crianças tínhamos (temos) de sonhar com o nariz encostado ao vidro da janela enquanto lá fora chove.
Obrigado Tina pelas palavras simpáticas e por partilhar momentos tão importantes e preciosos da juventude relacionados com os dias de chuva que reapareceram aquando da publicação deste "post".
Thanks Lasse for your kindness.
Obrigado Sub pelo contributo sempre bem vindo - e que é fruto de quem sabe e se dedica desde há muitas décadas à música.
Bem hajam
VT

Jose Luis Silva disse...

belos estes tons. Remete-nos para uma pintura