Encontramos a
praia deserta. Com os olhares fugidios,
ensaiamos alguma
conversa de mistérios abertos
na seriedade do
momento musicado pelas ondas do mar
e pelos gritos das
gaivotas tristes, mas brancas.
O silêncio está
sempre ocupado, mesmo quando não há palavras;
portanto, as
reticências podem prolongar-se em suspiro longo,
os pontos finais
deitar-se ao abandono do ar fresco.
A manhã parece
cheia de vazios repletos de sensações
e as palavras vão
ganhando agilidade, ritmo, alguma emoção,
enquanto os
silêncios de mar calam brisas ainda húmidas.
As gaivotas
alinham-se agora, sentadas na areia molhada,
enquanto batem os
corações que as olham, descompassados.
Sentimos o ar tão
quente, que queremos ter asas também,
voar contra o
vento de penas leves em desalinho.
Enterramos longe
as pesadas penas de ontem.
Ainda há pouco o
tempo parou em todos os relógios.
E nós deixámos.
(Isabel Solano)
1 comentário:
Encontramos a praia deserta. Com os olhares fugidios,
ensaiamos alguma conversa de mistérios abertos
na seriedade do momento musicado pelas ondas do mar
e pelos gritos das gaivotas tristes, mas brancas.
O silêncio está sempre ocupado, mesmo quando não há palavras;
portanto, as reticências podem prolongar-se em suspiro longo,
os pontos finais deitar-se ao abandono do ar fresco.
A manhã parece cheia de vazios repletos de sensações
e as palavras vão ganhando agilidade, ritmo, alguma emoção,
enquanto os silêncios de mar calam brisas ainda húmidas.
As gaivotas alinham-se agora, sentadas na areia molhada,
enquanto batem os corações que as olham, descompassados.
Sentimos o ar tão quente, que queremos ter asas também,
voar contra o vento de penas leves em desalinho.
Enterramos longe as pesadas penas de ontem.
Ainda há pouco o tempo parou em todos os relógios.
E nós deixámos.
Isabel Solano
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