No decorrer de 2007 a venda da maior parte da colecção de mineralogia do museu da Academia de Ciências Naturais de Filadélfia, a um consórcio de comerciantes de minerais, constituiu um choque para a comunidade que se dedica à Mineralogia – mantendo-se até hoje a polémica em redor daquela transacção. De facto este museu, fundado em 1812, integrava um dos mais importantes conjuntos mundiais, inclusive a colecção de Sir William D. Vaux (adquirida em 1882 com a condição de se manter perpetuamente no museu), possuindo, em 1909, cerca de 30.000 especímenes. A colecção desenvolveu-se ainda mais a partir de 1915, sob a influência de um novo e dinâmico curador: Sam Gordon, que organizou várias expedições a regiões e a minas com grande significado mundial - conhecidas pela qualidade dos exemplares. Depois da morte de Sam Gordon, em 1952, o museu ficou sem curador a tempo inteiro e desviou a sua actividade para o estudo de plantas, insectos, pássaros, fósseis, etc, descuidando os minerais que se foram deteriorando, armazenados e sem condições adequadas de preservação.
Uma das expedições mais célebres e ambiciosas, de Sam Gordon, teve lugar durante 1929-30, e resultou no envio de 63 caixas com minerais do Equador e 90 caixas de África – entre as quais vinham 12 da região do Tsumeb na Namibia. Foi precisamente na mina Tsumeb, na região com o mesmo nome, a 700 pés de profundidade, em 10 de Dezembro de 1929, que Sam Gordon encontrou fantásticos cristais de azurite (quer pela cristalização, quer pelo tamanho e cor). No entanto o dono da mina que nunca tinha descoberto aquela “bolsa” de cristais, exigiu ficar com a maior parte, permitindo, porém, que Sam Gordon escolhesse os melhores. Dentro em pouco, os cristais de azurite encontrados por Sam Gordon, tornavam-se quase lendários e eram um dos conjuntos mais apreciados do museu da Academia.
O cristal na foto de hoje veio precisamente nesse lote de 1929 (do Tsumeb), tem 61mm x 40mm X 15mm (grandes dimensões para a espécie) e é um super exemplar com um lustroso cristal isolado - com uma cristalização “imponente” que, durante 2007, viajou do museu da Academia de Filadélfia para um lugar de destaque na minha própria colecção.
VT