domingo, 12 de julho de 2015

O instante

Uma estação de comboios num dia de chumbo. As locomotivas parecem extraordinários seres opacos esperando que algo misterioso aconteça. Desperto para a claridade inesperada de uma mulher correndo em grande aflição ao lado de uma das carruagens. Ela e eu sem o tempo a favor. A máquina fotográfica dispara tentando agarrar aquele fragmento de segundo - irrepetivel. Para onde corre a mulher? Por quem? Para quê? Para dizer um último adeus a alguém perdido nas sombras do interior da carruagem? Para se atirar para a frente do comboio? Para apanhar um outro comboio? Que viagem começa? Para a mulher. Para mim. Para si que me lê. 

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