segunda-feira, 31 de maio de 2010

Broken Tree

Tronco despido Coração partido
Pelo uivo do vento
Longa viagem solitária
Sabor de marés inverosímeis
Repousa agora na margem
Tranquila
Ave fantástica
Momento
Liso e branco
Deito-me ao lado do seu silêncio
Inclinando os ramos
Respira comigo
Rente à areia
 
How can you mend a broken heart – Al Green

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Rising up

 
The Rising - Lhasa de Sela

I got caught in a storm
And carried away
I got turned, turned around
I got caught in a storm
That's what happened to me
So I didn't call
And you didn't see me for a while
I was rising up
Hitting the ground
And breaking and breaking
I was caught in a storm
Things were flying around
And doors were slamming
And windows were breaking
And I couldn't hear what you were saying
I couldn't hear what you were saying
I couldn't hear what you were saying
I was rising up
Hitting the ground
And breaking and breaking
Rising up
Rising up

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Just one smile


“Just one smile to make my life worth living
A little dream to build my world upon”
 
Just One Smile - Gene Pitney

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Loneliness

Imagem colhida num banco de areia no meio da Lagoa de Óbidos para onde as correntes arrastaram pedras utilizadas nas tentativas de encerramento da "Aberta" aberrante que surgiu a norte - submergindo a praia.
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I'm So Lonesome I Could Cry - Johnny Cash 

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A Aberta da Praia da Foz do Arelho VI

Aspecto geral da praia da Foz do Arelho em 13 de Maio de 2010
. Em 16 de Maio a "Aberta" que o mar rasgou a norte já se encontrava mais reduzida . Com o areal alargado pudemos caminhar (também dia 16) para sul ao longo dos trilhos deixados pelas máquinas . Finalmente a "nova Aberta" escavada no local da primitiva, junto ao "Gronho" permitindo já a actividade piscatória. Foto colhida em 16 de Maio de 2010. . A praia e a povoação da Foz do Arelho (também no mesmo dia 16) com perspectiva da "velha/nova Aberta", a sul, agora reestabelecida.
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Sad romance - Thao Nguyen Xanh

Damos conta mais uma vez (ver "posts" anteriores através da respectiva etiqueta) da evolução da situação da praia da Foz do Arelho através de imagens - que continuaremos a colher. Verificou-se na 1ª semana de Maio o restabelecimento da comunicação entre o Mar e a Lagoa - a sul e no local primitivo da "Aberta" - permitindo finalmente a entrada de alguma água salgada após o encerramento da Lagoa e tentando restituir o ecosistema depois de notícias que teriam morrido alguns peixes e bivalves. A nova "Aberta" apresenta ainda dimensões inferiores ao que foi no passado. Entretanto os trabalhos continuam numa praia que se vai modificando de dia para dia. Uma obra complexa em que não sabemos se as correntes marítimas que continuam a incidir de norte (direcção da "Aberta" nova que o mar escavou) poderão ter ainda alguma influência neste caso - a acompanhar.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Em 1963 - Uma canção mágica

Foto do autor em 1963

Be My Baby - Ronettes

"Be My Baby" é uma canção mítica publicada em 1963, da autoria de Phil Spector (também produtor) com a colaboração de Jeff Barry e Ellie Greenwich, cantada pelas Ronettes (Veronica Bennett, também conhecida como Ronnie Spector, sua irmã Estelle e a prima Nedra Tailey). Atingiu de imediato o nº2 do US Pop Chart e o nº 4 do UK Record Retailer e do R&B chart. Sendo uma das canções mais célebres e apreciadas, desde essa altura, foi considerada pela revista Rolling Stone como uma das 500 melhores canções de sempre, classificada como a melhor canção Pop de todos os tempos - por uma autoridade como Brian Wilson (dos Beach Boys que em resposta compuseram “Don´t worry baby”) e apresentada por Dick Clark (American Bandstand) como o disco do século (XX). É mais um produto do cesto de Spector - a merecer também muita atenção. Além das Ronnetes colaboraram Hal Blaine na bateria (que é decisiva) e Darlene Love e Sonny e Cher como “backup vocals”. Alvo de múltiplas “covers versions” (Andy Kim, John Lennon, The Lightning Seeds, Blue Oyster Cult, Linda Ronstad e outros) fez parte da banda Sonora dos filmes: “Mean Streets” (1973) de Martin Scorsese e de “Dirty Dancing” (1987). Ninguém fica indiferente à sua magia. Lembro-me que era uma das canções preferidas dos namoros da altura e que a utilizava, durante os bailes de garagem ou organizados em casa de outros adolescentes, para conseguir atrair a atenção “from the girl in my dreams”. Então combinava com um amigo que, coordenado comigo, punha a tocar “Be My Baby” enquanto eu ia entrando na sala do baile – caminhando “softly” e ao ritmo empolgante da bateria (os 10 segundos iniciais são fundamentais) na introdução da música (em crescendo e criando um “suspense” muito especial até “desaguar” numa festa - das vozes do conjunto) em direcção à rapariga por quem estava apaixonado – responsável por um “Síndroma febril indeterminado” que eu apresentava havia algumas semanas. Havia um magnetismo especial no ar e sentia que era como se fosse transportado sobre uma nuvem em direcção à “nuvem” dela que convergia também para minha ("Heavenly" of course). No centro da sala de baile, os pés flutuando alguns centímetros acima do chão encontrávamo-nos e enlaçávamo-nos – com uma cintilação mágica nos olhos – ao som de “Be My Baby”. Isso mesmo. Uma cintilação mágica. E garanto que nada vale a pena sem cintilação mágica. Experimente agora. Faça novamente “Play” na barra da música, feche os olhos… imagine e vá… Quando os abrir de novo estarão certamente a cintilar.

sábado, 15 de maio de 2010

A Gárgula

Igreja de N. Sra do Pópulo – Hospital Termal das Caldas da Rainha .

Entregue a si própria a gárgula protectora do templo gargareja segredos antigos no silêncio da cal. Linguagem esquecida que parece já ninguém conseguir entender.
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Magnificat - Arvo Part 

sábado, 8 de maio de 2010

Still burning

Detalhe de pintura - Acrílico sobre tela (1mX1m). 2006
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Light My Fire – The Doors

quinta-feira, 6 de maio de 2010

The Sea of Love

 
Sea Of Love - Phil Phillips

"Sea of Love", da autoria de Phil Phillips com os Twilights, quase conquistou o 1º lugar do Top 100 dos “chats” pop nos USA, em 24 de Agosto de 1959, mas teve de se contentar com o segundo lugar. Ficou 14 Semanas no Top 40 e atingiu o 1º lugar na R&Blues “chart”, vendendo mais de 2 milhões de cópias. Foi um dos temas mais tocados durante os anos 50. Em 1958, Phil Phillips (nascido John Baptiste) foi um jovem guitarrista frustrado que trabalhava como mensageiro de hotel em Lake Charles, LA. Baptiste escreveu "Sea of Love" serenata para uma paixão. Um dia, foi ouvido por um amigo de George Khoury, um produtor local, que havia trabalhado com um grupo feminino chamado “Cookie and the Cupcakes”. Khoury Baptiste acrescentou algumas vozes, em estilo “doo woop” como fundo, e gravou a canção após sucessivos “takes”. Antes do lançamento, Khoury sugeriu a Baptiste que deveria usar antes o seu nome do meio, Phillip, e o nome “artístico” ficou Baptiste Phil Phillips. A canção foi publicada, inicialmente, por uma editora independente da propriedade de Khoury, mas começou a vender tão bem que a Mercury Records passou a ser a distribuidora. Apesar de ter Brook Benton e os Jordanaires como vozes de apoio e produção de Clyde Otis, o recém-baptizado Phil Phillips nunca iria ver o Top 40 novamente. Del Shannon refez "Sea of Love" em 1982 e alcançou o 33º lugar, os “Honeydrippers”, dois anos mais tarde, duplicaram o sucesso inicial. Mais tarde, ainda na década de 80, Phillips produziu a canção para os “Fire Ants”, um grupo que integrava cinco de seus filhos. Mais recentemente (1989) a canção foi o tema central de um filme intitulado também “Sea of Love” (em Portugal teve o nome de “Perigosa Sedução”), com Al Pacino e Ellen Barkin – confirmando o seu estatuto de disco de culto.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

À Janela da Infância

Todos temos uma janela na nossa infância. Essa janela teve/tem um papel importante de entre todas as janelas da nossa Vida. Uma janela por onde espreitávamos sinais do exterior à descoberta de um mundo novo. Lembro-me de ficar ancorado muito tempo àquela janela assistindo ao desfile das vendedoras de água de Caneças sobre o ritmo da flauta do “amola tesouras e navalhas” e à passagem da mulher da “fava-rica”, do homem do “Ferro-velho” e da voz dos cegos cantores ambulantes que distribuíam um folheto que não viam com a história de uma coxinha - acompanhados na sua cantoria pelo som desafinado de um “acordeon”. A rua era animada ainda, ocasionalmente, por uma tenda de fantoches que andavam sempre à paulada uns com os outros sem se perceber porquê e pelos pregões das varinas e das vendedeiras de “figos de capa rota”. E havia o fascínio dos Saltimbancos que surgiam como num filme de Fellini, envolvidos no estrondo de tambores e no sopro estridente de instrumentos de metal.
Estendiam um enorme tapete colorido, que imaginava oriundo de alguma cidade misteriosa do longínquo Oriente, sobre o qual actuavam o engolidor de espadas e soprador de fogo, bem como uma rapariguinha de aparência frágil e com olhos tristes que fazia contorcionismo. Antes de um rapazinho de boné na mão vir recolher a generosidade alheia - tinha lugar o número final: A célebre “Dança da ursa”. Então, ao som de uma música impossível, uma forma vagamente humana, vestida com um fato coçado a imitar um urso, bailava em círculo com uma corrente, atada a uma das pernas, conduzida por um domador de bigodinho à Errol Flynn. Para além do som distante do circo que passava à frente da minha janela da infância, guardo na memória algo que tinha muita importância. As outras janelas que avistava da minha. Interrogava-me sobre as pessoas por detrás de cada vidraça. Que alegrias, tristezas, emoções se estariam a passar, naquele mesmo momento, no interior de cada casa. Durante a noite dormíamos afinal na mesma rua separados pelas janelas. Imaginava os prédios de repente transparentes e as eventuais histórias, ambientes e cores. Pessoas que ora riam, amavam, choravam ou sonhavam. Mas como não era assim restava-me tentar decifrar os vultos por detrás dos cortinados ou recortados pela luz que vinha do interior das vidraças. Havia no entanto uma janela especial no 3º andar, do prédio azul, mesmo em frente. Era especial desde o dia em que se abrira para deixar passar uma jovem adolescente de cabelos longos que sorria. Sorria sempre como uma princesa que acabava de sair de uma história do jornal infantil que eu lia: "O Mundo de Aventuras". Consegui saber que se chamava Ana Paula e estranhei uma sensação nova e inexplicável. Quando olhava aquela janela sentia um bater de asas dentro do peito e uma emoção que antes nunca experimentara. Associava então a sua imagem à canção "Amapola" que se ouvia na telefonia interpretada por vozes como Tito Schipa, Luis Alberto del Parana & Los Paraguayos, os Lecuona Cuban Boys, ou os Cinco Latinos. Talvez porque a palavra Amapola quase faz lembrar Ana Paula. Aliás era só substituir na letra da canção Amapola por Ana Paula (embora Amapola signifique: papoila - em espanhol, língua em que a canção foi inicialmente composta). De vez em quando lembro-me e regresso à janela da minha infância… onde se reflecte outra janela.
Todos temos uma janela aberta sobre a nossa infância. Todas trazem sobre o parapeito um pequeno pedaço da nossa própria história.
 
Amapola – Andrea Bocelli