Na sequência do “post” anterior, sobre este local, mostramos um recanto do Braço da Barrosa, onde existia um antigo ancoradouro, que se denomina: “Cais da Rainha”, e que se tem progressivamente transformado cada vez mais em zona pantanosa. Foram aliás várias as Rainhas (p. ex. D. Maria I) que mandaram construir pontes e cais na lagoa para mais facilmente caçarem patos e galeirões, contando-se também que o rei D. Carlos tinha especial predilecção em fazer (a bordo de um barco) tiro a grandes exemplares de peixes. Para além das muitas espécies piscícolas (robalo, linguado, solha, rodovalho, dourada, choupa, tainha, enguia, etc.) há uma grande diversidade (e quantidade) de espécies diferentes de patos e de outras aves – que já descrevemos anteriormente. Podemos observar, aliás, numa das imagens, para além da zona pantanosa do primeiro plano, ao longe uma enorme comunidade de patos. Na segunda imagem vê-se um flamingo em plena degustação – tal como as outras espécies de aves que o rodeiam. Como curiosidade referimos que, entre as várias lendas que existiam sobre a lagoa, havia uma que se baseava num documento guardado no Mosteiro de Nª Sra. da Piedade da Berlenga que descreve ter sido avistado um ser humano “com corpo de peixe” a mergulhar nas águas misteriosas da lagoa. Mas o perigo real consiste não só no assoreamento e transformação em pântano, mas também na quantidade enorme de lixo e poluição de origem humana (o rio da Cal que termina no braço da Barrosa transporta esgotos das Caldas da Rainha) que se tem vindo a acumular nos últimos anos, neste local, apesar das dragagens na década de 1980. É importante, com urgência, que sejam de novo executadas dragagens - que se estendam também a este braço e não se limitem à bacia de contacto com o mar, bem como vigilância e eventuais intervenções de conservação e correcção ambiental - periódicas - desde a ETAR à saída das Caldas (Águas Santas) até ao braço da Barrosa .
Smuga cienia (linha de sombra) - Wojciech Kilar