Uma composição de texturas e formas que me sugere várias considerações. Em primeiro lugar, a degradação do barco leva-me a pensar no envelhecimento inevitável do ser humano. Mas isso faz parte da vida, que envolve no mesmo abraço o nascimento, o crescimento, o envelhecimento e a morte. Segundo, as formas quase paralelas na quilha, englobando a visão que se tem do céu nesta perspetiva, que sugere a nossa posição vertical de quando deixamos este mundo. É a condição humana e não acredito em poções mágicas de eterna juventude. Terceiro, a melodia, sugestivamente intitulada "I Am You", induz ao mesmo pensamento da inevitabilidade, num crescendo emocional. Mas olho com atenção para a imagem e vejo, nas marcas impressas pelo tempo, a vida em plenitude, o cumprimento da função de uma criação, seja de um objeto, seja de um ser humano. Umas marcas mais fundas que outras, mas marcas que mostram o caminho trilhado. E sinto que o envelhecimento é um dom. Que é bom chegar a determinado ponto do nosso crescimento e pensar que tivemos o privilégio de um longo caminho, algumas vezes acompanhados, outras sozinhos, mas sempre com a opção de sermos solitários ou não. As minhas conjeturas terminam num pensamento positivo: é bom chegar a determinada idade e ter a capacidade de motivar os outros e/ou de participar no ato da criação. Como o caso deste bote degradado, que ainda inspira uma bela composição em tons suaves, com texturas diversificadas e formas que nos recordam o caminho do infinito. E tendo por horizonte o azul do céu profundo, símbolo da eternidade. Obrigada, Vasco, pela beleza da composição, pela partilha e por me ter induzido a um momento de introspeção.
..., qualquer pedaçinho de madeira (desde que não estivesse "podre"), por muito danificado que estivesse, pela sua acção/trabalho, ganhava outras formas e vida...,suas mãos eram magicas e transformavam muitos dos sonhos de crianças em realidade, criando casinhas de bonecas, miniaturas de mobiliario, carrinhos, etc, ao mesmo tempo que deliciava os menos velhos com as suas histórias de encantar,..., e eu quase sem entender nada ( em tudo que tocava, fazia-o com o conhecimento/experiencia e com prazer - dele recebi as primeiras sócas de madeira e um barco para eu viajar, dizia-me,(...),- seu nome era José, (nome verdadeiro), era carpinteiro e tocava (clarinete) na banda da Terrinha, era um Homem muito sensivel e Humano......, a "ELE" a minha eterna homenagem.
Post transcendente pelo apelo que faz á reflexão e pelo poder de transformação que esta opera...,em que a escolha do acompanhamento musical é o principal responsavel,..., (se este pedaço de madeira falasse o que nos teria a ensinar, ??? ),.....sinto-me eterna aprendiza, cativa (!!!).
Gosto do tom da madeira e do ar "esfarrapado", que pode lembrar as fitas da madeira quando "aplainada", assim como do tom azul manchado que poderá dar a ideia de sonho ( uma especie de reflexo de um céu com algumas nuvens a passar por cima de um "mar" )....., agora sem medo reflito (...), !!! Abraço AC
Obrigado Tina pela reflexão sobre as texturas da amurada do barco e da associação com o processo do envelhecimento e de chamar a atenção para um outro crescendo (fantástico) - o da melodia. Obrigado IM pela poesia de uma grande estrela (E. Andrade) e pela emoção transmitida. Obrigado AC por mais uma história e capacidade inventiva. É pertinente a associação entre a imagem e o processo da Meditação (no qual a música colabora). Aqui não é só critério da composição das cores (com 2 azuis) que imperou mas o contraste entre a textura dos 2/3 inferiores da imagem com a ausência desta num céu completamente "plano". Uma imagem simples e um ambiente de contemplação e de viagem interior. Olhar e ouvir numa dimensão sem os pensamentos do dia a dia. O Passado e o Futuro deixam de ter significado e trazer sofrimento ou paixão. Bem hajam VT
5 comentários:
Uma composição de texturas e formas que me sugere várias considerações. Em primeiro lugar, a degradação do barco leva-me a pensar no envelhecimento inevitável do ser humano. Mas isso faz parte da vida, que envolve no mesmo abraço o nascimento, o crescimento, o envelhecimento e a morte.
Segundo, as formas quase paralelas na quilha, englobando a visão que se tem do céu nesta perspetiva, que sugere a nossa posição vertical de quando deixamos este mundo. É a condição humana e não acredito em poções mágicas de eterna juventude.
Terceiro, a melodia, sugestivamente intitulada "I Am You", induz ao mesmo pensamento da inevitabilidade, num crescendo emocional.
Mas olho com atenção para a imagem e vejo, nas marcas impressas pelo tempo, a vida em plenitude, o cumprimento da função de uma criação, seja de um objeto, seja de um ser humano. Umas marcas mais fundas que outras, mas marcas que mostram o caminho trilhado. E sinto que o envelhecimento é um dom. Que é bom chegar a determinado ponto do nosso crescimento e pensar que tivemos o privilégio de um longo caminho, algumas vezes acompanhados, outras sozinhos, mas sempre com a opção de sermos solitários ou não.
As minhas conjeturas terminam num pensamento positivo: é bom chegar a determinada idade e ter a capacidade de motivar os outros e/ou de participar no ato da criação. Como o caso deste bote degradado, que ainda inspira uma bela composição em tons suaves, com texturas diversificadas e formas que nos recordam o caminho do infinito. E tendo por horizonte o azul do céu profundo, símbolo da eternidade.
Obrigada, Vasco, pela beleza da composição, pela partilha e por me ter induzido a um momento de introspeção.
"Música, levai-me:
Onde estão as barcas?
Onde são as ilhas?"
Eugénio de Andrade
O fascínio do sonho!
IM
..., qualquer pedaçinho de madeira (desde que não estivesse "podre"), por muito danificado que estivesse, pela sua acção/trabalho, ganhava outras formas e vida...,suas mãos eram magicas e transformavam muitos dos sonhos de crianças em realidade, criando casinhas de bonecas, miniaturas de mobiliario, carrinhos, etc, ao mesmo tempo que deliciava os menos velhos com as suas histórias de encantar,..., e eu quase sem entender nada ( em tudo que tocava, fazia-o com o conhecimento/experiencia e com prazer - dele recebi as primeiras sócas de madeira e um barco para eu viajar, dizia-me,(...),- seu nome era José, (nome verdadeiro), era carpinteiro e tocava (clarinete) na banda da Terrinha, era um Homem muito sensivel e Humano......, a "ELE" a minha eterna homenagem.
Post transcendente pelo apelo que faz á reflexão e pelo poder de transformação que esta opera...,em que a escolha do acompanhamento musical é o principal responsavel,..., (se este pedaço de madeira falasse o que nos teria a ensinar, ??? ),.....sinto-me eterna aprendiza, cativa (!!!).
Gosto do tom da madeira e do ar "esfarrapado", que pode lembrar as fitas da madeira quando "aplainada", assim como do tom azul manchado que poderá dar a ideia de sonho ( uma especie de reflexo de um céu com algumas nuvens a passar por cima de um "mar" )....., agora sem medo reflito (...), !!!
Abraço
AC
Obrigado Tina pela reflexão sobre as texturas da amurada do barco e da associação com o processo do envelhecimento e de chamar a atenção para um outro crescendo (fantástico) - o da melodia.
Obrigado IM pela poesia de uma grande estrela (E. Andrade) e pela emoção transmitida.
Obrigado AC por mais uma história e capacidade inventiva. É pertinente a associação entre a imagem e o processo da Meditação (no qual a música colabora).
Aqui não é só critério da composição das cores (com 2 azuis) que imperou mas o contraste entre a textura dos 2/3 inferiores da imagem com a ausência desta num céu completamente "plano". Uma imagem simples e um ambiente de contemplação e de viagem interior. Olhar e ouvir numa dimensão sem os pensamentos do dia a dia. O Passado e o Futuro deixam de ter significado e trazer sofrimento ou paixão.
Bem hajam
VT
A série dos barcos é uma das minhas favoritas. A musica é ;) gosto de tudo nesta fotografia.
bjs Alice
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