quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Duas águas (o rio Arnóia e o rio Real)

 
Melodía del rio - Rubén González (piano) acompanhado pela ”trompeta” de Manuel "Guajiro" Mirabal

A área total dos vários cursos de água que drenam para a Lagoa de Óbidos, tem cerca de 440 km2. Das várias linhas de água que nela confluem (rio Borraça, o rio da Cal, rio Sujo) destacam-se os rios Arnóia e Real, tendo estes, respectivamente, 9,31 e 33 km de extensão. A sub-bacia do rio Arnóia tem uma área de 125 km2 e a do rio Real, 250 km2. A escorrência de água fluvial para a lagoa faz-se essencialmente através destes dois rios que acabam por confluir na freguesia do Arelho, já muito perto da lagoa, acabando as suas águas por desaguarem – entre os Braços do Bom Sucesso e da Barrosa junto duma zona onde, na década de 1970, existiram salinas. Na foto podemos observar à esquerda o Arnóia e à direita o Real - com a água barrenta causada pela chuva intensa que se tem feito sentir. O rio Arnóia nasce na serra de Todo o Mundo (um lugar fantástico a descobrir), na freguesia do Landal e, continuando no concelho das Caldas da Rainha, passa pela freguesia de A dos Francos – dirigindo-se ao Arelho. O Rio Real nasce na serra de Montejunto, atravessa o Concelho de Óbidos, proveniente do Bombarral, com direcção sensivelmente Este-Oeste, até se encontrar com o Arnóia. Estamos de acordo que é essencial preservar a lagoa de Óbidos mas, para tal, é fundamental evitar a todo o custo a poluição destas duas linhas de água. Como responsáveis pela poluição dos cursos de água têm sido citados: a suinicultura (5 suínos por hectare na região Oeste), adegas, destilarias, matadouros, fábrica de conservas de carne, de cimento e de cosméticos bem como uma pedreira – origem de materiais em suspensão. Em 2008 foi assinalada uma descarga de óleos e combustíveis no rio Arnóia. Destes dois cursos de água doce, e da sua maior ou menor poluição (que tem aumentado), depende em grande parte a sobrevivência da Lagoa e de muitas das espécies que a habitam e, em consequência, dos pescadores residentes que vivem da apanha dessas mesmas espécies.

4 comentários:

Anónimo disse...

....não menosprezando toda a "riqueza" de informação contida na explicação da foto (infelizmente negativa no que diz respeito ás questões de ordem ambiental...), agrada-me o que vejo....
Dois rios que se juntam, contribuindo para o caudal da Lagôa de Obidos...
Gosto particularmente da côr alaranjada (barrenta), meio debotada pelas aguas, que me dá uma sensação de estar na presença de um "Outono", em forma liquida, que vem fazendo o seu percurso ao longo de um leito, ao som balanceado desta doce "Melodia del Rio"...........
Em breve caminharão (os 2 rios) em direcção a um Mar quase infinito...

Relativamente ao exposto, só tenho a lamentar que o ser humano, continue paulatinamente, a destruir o que a todos pertence, acabando por se auto-destruir, embora rejeite a hipotese de que assim seja........
Obrigada Heavenly pelo caracter interventivo do post e da beleza e subtileza com que o conseguiu fazer...
Abraço
AC

VT disse...

Obrigado AC pela companhia das suas palavras e pela sensibilidade: quer para a imagem quer para o conteúdo/causa (a defesa da Lagoa).
Bem haja
VT

Tina disse...

Obrigada pela informação detalhada. Não fazia ideia da grande extensão que a Lagoa de Óbidos abarca, embora à vista desarmada nos mostre bem a sua grandeza. É uma pena o país descurar as suas riquezas naturais, o que menos se compreende quando depende fortemente de importações.
Abstraindo-nos disso, a foto é de uma expressiva beleza. A água barrenta, na cor avermelhada que na minha terra natal também veste quando as chuvas caem em abundância, tem para mim um encanto especial. Em contraste com o verde das plantas e encimada pelo lindo céu enevoado, oferece-nos uma visão cativante. Quase consigo ouvir o gorgolejar da água na sua original curva a caminho da Lagoa. E nada melhor que a nostalgia do piano de Rubén González e da trompete de Guajiro (que o meu pai tanto adorava...) para nos acompanhar numa reflexão sobre as questões que levantaste acerca da proteção da Lagoa de Óbidos, e não só, enquanto interiorizamos a beleza desta imagem.
Obrigada, Vasco, por estes belos momentos!

VT disse...

Obrigado Tina pelas tuas estimulantes palavras e pela partilha das tuas recordações e emoções.
Bem hajas
VT