sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Atmosfera

Melancolia de néon verde na vertigem da noite de açúcar
Na cidade das estátuas que sonham
Navios que partem quando chegam
Brisa quente e perfumada de especiarias
Pedaços de lua nos olhos dos amantes
Tâmaras maduras no sabor dos corpos
Beijos cintilando na atmosfera tropical
Eco de desejos na transparência do ar
Flores escritas no crepúsculo com aparo antigo
Estrelas que caiem no mar iluminado pelos pássaros
Murmúrio de conchas no silêncio das lendas e dos seixos
Sob o suave acenar das folhas das palmeiras
Dancemos… 


Dance Me To The End of Love - Leonard Cohen

10 comentários:

J J disse...

http://www.youtube.com/watch?v=fQ5UpyOgM80

VT disse...

O tema dos Joy Division proposto pelo Submarino, canção aliás que gosto bastante, apesar do título (atmosphere) não tem a ver em minha opinião com as palavras que acompanham o post. O tema do Cohen adapta-se melhor às palavras que acompanham a fotografia.
VT

ana p disse...

A musica e perfeita para as palavras...aliás essa musica é perfeita até para o silêncio..
Bjs

Anónimo disse...

Indiferente à Altura que os anos não devoram,o silêncio entretecido na luz,suave e lenta,contida na memória das imagens,dos afectos, das palavras...onde o tempo se demora,mas não mora.
Felicito-o pela fotografia e pelas suas palavras que dançam,suaves e lentas,em perfeita consonância: "Dance me to the end of love"!
MV

João Ramos Franco disse...

O todo do que escreves e a música que acompanha levanta o véu que envolve...
João Ramos Franco

Anónimo disse...

A noite na ilha

Dormi contigo toda a noite
junto ao mar, na ilha.
Eras doce e selvagem entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.
Os nossos sonos uniram-se
talvez muito tarde
no alto ou no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento agita,
em baixo como vermelhas raízes que se tocam.
O teu sono separou-se
talvez do meu
e andava à minha procura
pelo mar escuro
como dantes,
quando ainda não existias,
quando sem te avistar
naveguei a teu lado
e os teus olhos buscavam
o que agora
– pão, vinho, amor e cólera –
te dou às mãos cheias,
porque tu és a taça
que esperava os dons da minha vida.
Dormi contigo
toda a noite enquanto
a terra escura gira
com os vivos e os mortos,
e ao acordar de repente
no meio da sombra
o meu braço cingia a tua cintura.
Nem a noite nem o sono
puderam separar-nos.
Dormi contigo
e, ao acordar, tua boca,
saída do teu sono,
trouxe-me o sabor da terra,
da água do mar, das algas,
do âmago da tua vida,
e recebi teu beijo,
molhado pela aurora,
como se me viesse
do mar que nos cerca.

Pablo Neruda

FC

. disse...

....deambular num bosque em que o sol só passa entre as folhas e o seu brilho é reflectido no chão de terra viva...e porque não dançar?
Esta música é como perfume marcante,guarda impressões, alimenta o desejo,eternizando
a lembrança do instante.
A foto,claro que gosto,belissimas tonalidades...as suas.

maria

Anónimo disse...

Luz de prata dançando suavemente nas folhas da palmeira
Palavras doces dançando poeticamente nos versos quentes
Melodia amorosa dançando ternamente no coração dos amantes...

Dancemos com a Beleza.
Dancemos com o Amor.
Dancemos com a Vida!

RP

VT disse...

Agradecendo ainda os comentários de todos aproveito para concordar com a observação de que as palavras dançam... De facto as frases assim postas acompanham no seu ritmo próprio a introdução da canção do Cohen... Quando a introdução e as palavras acabam começa a voz do Leonard e então é tempo de dançar...
VT

Alice atrás do Espelho disse...

Um fantástico contraste entre texturas duras das folhas e suaves das nuvens dá a esta imagem uma tonalidade “dançante” entre elas. Embora as palavras do autor dancem entrelaçadas na voz de Leonard Cohen, aqui o realce vai para o quase celestial “olhar” de palmeira agarrada ao chão, aspirando tocar no Amor das nuvens que dançam sob a sua “cabeça” despenteada de folhas. Parabéns VT por mais uma inspiração quiçá também inspiradora…

Bjs do outro lado